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Catta Preta não parece, mas é juiz |
por Paulo Nogueira
A
maneira mais simples de entender o que acontece hoje na Justiça brasileira é
imaginar um jogo de futebol.
Suponhamos
Corinthians versus Palmeiras.
Os
dois times estão em campo. Só que o juiz é palmeirense. E tem licença para
apitar de maneira a favorecer a sua equipe.
Pode
marcar pênaltis que não existiram para o Palmeiras. Pode não marcar pênaltis
claros para o Corinthians. Pode expulsar sem motivos um jogador do Corinthians.
Pode não expulsar um jogador do Palmeiras que cometa uma barbaridade.
Pode,
no limite, marcar um gol para o Palmeiras.
O
papel do juiz no jogo não é fazer justiça. É, sim, dar legitimidade à
injustiça. Todos dirão, depois de cada roubo: “Foi o juiz que decidiu.”
Saiamos
do futebol rumo à política.
É
daquele jeito que se comportam os juízes. Há, nestes dias, um confronto entre a
direita e a esquerda.
A
tragédia está na arbitragem.
Não
é um jogo justo, não por não haver juízes, mas porque os que existem se
comportam como torcedores. Podem favorecer seu lado sem consequências.
A
mídia, que ao longo dos anos sempre gostou de se apresentar como fiscal, não
cobra. É, antes, conivente, porque ela torce exatamente para o mesmo lado dos
árbitros.
Resta
ao time roubado espernear.
Sérgio
Moro é o típico juiz descrito acima. Ele sequer guarda as aparências porque
sabe que ninguém o incomodará.
Moro
posa, sem pudor, ao lado de João Dória e ainda diz que não é partidário. Aceita
receber da Globo um prêmio que só lhe foi dado porque é o juiz dos sonhos dos
Marinhos.
Na
escalada do seu despudor, Moro conseguiu vazar para a Globo amiga grampos
provavelmente criminosos de conversas entre Lula e Dilma.
Algumas
pessoas disseram que sua máscara caiu. Errado. A máscara já caíra muito antes.
Moro e sua Lava Jato não estão aí para combater a corrupção, ou se estão
disfarçam terrivelmente bem.
Estão
aí para destruir Lula, Dilma, o PT, a esquerda – e, sobretudo, a democracia.
Achava-se
que o símbolo máximo do juiz para o qual a justiça é uma questão irrelevante
fosse Gilmar Mendes, o pupilo de FHC.
Gilmar
não se pronuncia quando emite um voto: ele faz um discurso interminável contra
o PT. O pior juiz de todos é aquele cuja decisão você sabe com antecedência.
Este
cara é Gilmar. Você sabe exatamente como ele vai votar: contra o governo,
contra Lula, contra Dilma, contra o PT.
Se
Lula for julgado por inventar o remédio contra o câncer, Gilmar vai condená-lo
depois de uma hora de um blablablá condenatório. Dirá algo assim: “Como a
humanidade pode ficar sem o câncer?”
Mas
Gilmar acabou superado por Moro como o número 1 dos juízes que você sabe
exatamente como vão atuar.
Tais
juízes se reproduziram e se espalharam pelos tribunais do país. Um caso
exemplar é o juiz que deu a liminar que suspendeu a posse de Lula, o dr. Catta
Preta.
Num
dia ele foi a um ato pela queda de Dilma e no outro julgou uma causa em cujo
centro estava exatamente Dilma.
Catta
Preta é a justiça brasileira.
O
que surpreendeu nele foi apenas a pressa em apagar de seu Facebook mensagens
agressivas contra Lula. Um excesso de zelo, já que ninguém lhe irá cobrar por
ser um juiz como tantos outros.
A
única saída para o time que não é favorecido pelo juiz, para voltar a nossa
metáfora futebolística, é a torcida lotar o estádio e deixar claro que não vai
engolir passivamente a roubalheira.
É
o que se espera que aconteça nesta sexta, 18.
Fonte:
diariodocentrodomundo
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