ALEX
SOLNIK
Alex
Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé,
Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais
"Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A
guerra do apagão", "O domador de sonhos" e "Dragonfly"
(lançamento setembro 2016).
Prender
João Santana sem culpa formada, sem flagrante, sem que tenha interferido em
investigações, sem que sua liberdade implique em perturbação da ordem cheira a
mais uma transgressão grosseira da constituição de 1988, sob os olhares
complacentes dos ministros do STF, seus guardiões oficiais contra a qual ao
menos nós, os jornalistas, devemo-nos levantar.
Não
há motivo para prender Santana. Esse é o ponto. Ele não matou, não roubou, não
bateu em ninguém. Não é ladrão nem malfeitor. É jornalista e publicitário, dos
mais competentes do mundo. Não pode ser demonizado por ter sido muito bem
remunerado por seu trabalho legítimo.
Se
há suspeitas a respeito da forma como recebeu dinheiro, ele não pode ser preso
para confirmá-las. No estado de direito, primeiro as acusações têm que ser
provadas e muito bem provadas para que, depois de julgamento, virem absolvição
ou culpa. E só depois vem a prisão. Do jeito que está, a prisão vem antes. O
carro na frente dos bois.
Muita
gente temia, desde o início da Lava Jato que ela se transformasse numa nova
República do Galeão, um país com suas próprias leis que tinha o objetivo
explícito de fragilizar para depois derrubar Getúlio Vargas. Pois ela está
ficando cada vez mais parecida.
Contra
esses desmandos devemo-nos levantar antes que seja tarde. Não podemos encarar
essa ordem de prisão contra João Santana como coisa normal. Não é. Prender
jornalistas e publicitários é ato de regimes de exceção. Prender antes de
julgar é ato de regimes de exceção.
Ou
estamos numa democracia e atos como a ordem de prisão contra João Santana devem
ser revogados ou os atos como esse são válidos e não estamos numa democracia.
Fonte:
brasil247
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