Foto: Internet |
“O
Brasil está mostrando que suas instituições estão funcionando” (Ciro Gomes)
Acúmulo
de lances inesperados e perturbadores, rendendo fervilhantes desdobramentos,
bagunçou o coreto pra valer. Vem dificultando análises atualizadas da
conjuntura política. Integrando o elenco titular do teatro político, pela
condição de ex-governador, ex-ministro e candidato potencial à presidência, o
cearense Ciro Gomes não figura no rol dos personagens sob o foco central dos
holofotes nas azedas contendas da hora presente.
Seu
relativo distanciamento do epicentro dos acontecimentos não o impede, entretanto,
de opinar sobre as questões que no momento galvanizam a atenção pública. Ele o
faz com grande fluência verbal, sem papas na língua, como se costuma dizer na
linguagem das ruas, para emitir conceitos que geram controvérsias, arrancando
aplausos e críticas, mas que não deixam de representar, de forma arguta e
lúcida, uma linha de pensamento relevante para o debate democrático.
Em
depoimentos recentes a Rodrigo Martins, na CartaCapital, e Felipe Castanheira,
em O Tempo, Ciro soltou o verbo. Assestou a metralhadora giratória em próceres
da situação e da oposição que frequentam as manchetes com assiduidade diária. À
vista da relevância do papel que lhe está sendo reservado no enredo político,
sua fala é por demais oportuna.
A
metralhadora giratória
Sobre
o governo de Dilma: “O povo acha o governo um desastre, com boa dose de razão”.
(…) “Dilma é decente, bem-intencionada, comprometida com o país. Mas o governo
precisa mudar. A gestão da economia é ruinosa. O balé que Dilma faz com
chantagistas passa um sinal contraditório do compromisso real dela com a
decência. Durante 12 anos, o povo viu sua vida melhorar”. (…) “Mas agora vê
tudo regredir, o salário, as políticas de proteção social, os investimentos de
infraestrutura, os serviços públicos.”
Sobre
o “impeachment”: “A solução do problema para um governo que a gente não gosta
não é a ruptura com o calendário democrático, nem com as instituições porque
isso introduz no país uma instabilidade, um potencial de violência política que
demoraríamos muitos anos para corrigir.” (…) “Em nenhuma hipótese a solução é
um golpe.” (…) “Corremos o risco de colocar no comando do país alguém sem
legitimidade, comprometido medularmente com a corrupção.”
Sobre
o PT: “O PT tem que ceder um pouco o seu protagonismo porque parte do problema
é o PT.”
Sobre
o PSDB: “O PSDB está cometendo equívoco histórico.” (…) “Embora não concorde
com os rumos que eles advogam para o país, não se pode desconhecer que há ali
gente muito qualificada e respeitável e toda essa respeitabilidade está sendo
jogada no lixo por esse caminho golpista.” (…) “Quando o PT cometeu o mesmo
desatino de tentar derrubar o FHC, eu, que tinha acabado de sair da eleição
derrotado, tomei a mesma conduta. Condenei o PT, chamei o PT de golpista,
defendi a democracia.”
Sobre
o PMDB: “O PMDB é isso que a gente sempre conheceu.” (…) “Nós vamos contar com
uma parte do PMDB que contaríamos mesmo se não houvesse o vice-presidente (…) e
não vamos contar com o PMDB que sempre foi, como Michel Temer, ligado ao outro
lado.”
Sobre
Eduardo Cunha e Michel Temer: “Conheço bem os dois, de longa data. Temer
conspira há algum tempo, tenho informações a respeito.” (…) “O vice é um homem
do Cunha, e não o inverso. Está completamente comprometido.” (…) “Cunha vai
para a cadeia”. (…) “O Brasil está mostrando que suas instituições estão
funcionando. Podem ser lentas, podem ser contraditórias (…), mas estão
funcionando.” “Você tem senador preso em flagrante, banqueiro na cadeia, coisa
que nunca aconteceu.”
Sobre
a carta de Temer a Dilma: “Nunca vi coisa tão ridícula, de tão baixo nível (…)
cretina e risível.” (…) “Um festival de vaidades e de mágoas.” (…) “Você não
nomeou fulano” (…), “foi ver não sei quem e não me levou.” (…) “Quem vazou o
texto para a mídia foi ele.”
Sobre
Aécio Neves: “É um velho e querido amigo, mas estou chocado como mudou. Um neto
de Tancredo Neves jamais poderia pôr sua biografia em um itinerário golpista
comandado por um chefe de quadrilha como é o caso do Eduardo Cunha.”
***
Cesar
Vanucci é jornalista
Fonte:
observatoriodaimprensa
0 Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do BVO - Blog Verdades Ocultas. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia os termos de uso do Blog Verdades Ocultas para saber o que é impróprio ou ilegal.