Michel Temer virou “Mordomo de filme de
terror” no dia 15/06/1999 por obra e graça do então sarcástico presidente do
Senado Antônio Carlos Magalhães, cujo apelido, por sua vez, era ACM.
Colocar apelidos nos outros é um dos esportes nacionais em que os
brasileiros são campeões.
Então presidente da Câmara dos Deputados, Temer assumiu, naquele dia, a
cadeira de presidente da República por algumas horas devido a viagens do
presidente Fernando Henrique ao Paraguai e do vice Marco Maciel à África do
Sul. E criticou a interferência de ACM na reforma do Judiciário que se discutia
na Câmara:
"Reforma do Judiciário não é matéria para curioso. É para quem tem
autoridade no tema".
ACM
respondeu na hora e atirando pedras:
"As coisas morais nunca foram o forte do senhor Temer, e a prova
disso é a luta que ele faz pelo Porto de Santos. Temer tem escritório de
advocacia, e por isto não andam na Câmara matérias importantes, como o Código Civil
e a emenda constitucional que cria o efeito vinculante, para não irritar os
juízes de primeira instância que ele precisa agradar como advogado. Este não é
um problema do governo. É problema de um presidente da Câmara despeitado com o
presidente do Senado, até porque lhe falta estatura".
Temer rebateu: “O senador deveria cuidar do banqueiro Ângelo Calmon de
Sá em vez de tentar levantar um debate sobre moral. O senador tem a mania de
avacalhar as pessoas. Comigo ele não vai fazer isso. Não vou tolerar
insinuações sobre moral. Em matéria de moral dou de 10 a zero nele. Ele não tem
moral para falar de mim. Sou advogado com muito prazer e por isso posso falar
sobre a reforma do Judiciário. O que não sei é se um médico pode fazer
isso."
Médico por formação, ACM subiu ainda mais o tom: “Temer não ganha de 10
a zero em moral de ninguém, muito menos de mim, que sou um homem honrado. Eu
não poderia avacalhar Temer porque avacalhado ele já é. Ele não me assusta com
a sua pose de mordomo de filme de terror".
Dezoito anos depois, vemos que ACM tinha razão. A moral de Temer nunca
foi tão questionada quanto agora e não por um desafeto, nem por insinuações,
mas em razão de fatos ilícitos narrados pelo ex-presidente e por ex-diretores
da mais corrupta empresa brasileira.
Quanto ao apelido brilhante, mais engraçado do que qualquer um dos
criados sob encomenda pelo Departamento de Propina da Odebrecht, uma
atualização se faz necessária.
O
número 2 da Odebrecht, Marcio Faria, disse que Temer recebeu 126 milhões de
reais, ou 5% de um contrato com a Petrobras; uma pesquisa CUT/Vox Populi
apontou que apenas 5% dos brasileiros aprova o governo Temer.
Se
estivesse vivo, ACM mudaria o apelido de Temer para “Presidente 5%”.
Fonte: brasil247
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