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PARA UMA REFLEXÃO AMBIDESTRA, por James Walker

Dr. James Walker

Não me fale que você é de esquerda ou direita, diga-me apenas se você é humana(o) e brasileira(o).

Cresci em uma época teoricamente mais perigosa, sob a perspectiva política, onde o regime instalado esvaziou direitos e garantias e, criminosamente, ceifou várias vidas para a manutenção autoritária do seu próprio poder.

O golpe militar se alimentava de um discurso de recuperação e recondução do país ao "rumo certo", elegendo inimigos do estado entre aqueles que ousavam discordar.

Mas foi exatamente assim, discordando, que readquirimos nossa cara liberdade, e digo "cara", porque centenas ou milhares desapareceram, justamente os que ousaram discordar para a consecução de uma mudança que beneficiaria à toda nação.

Pensem que aquela mudança permitiu tanta liberdade, que hoje podemos nos manifestar de todas as formas, nas ruas, escolas, praças, internet (daí a sensação de "tantos idiotas" no mundo, pois até eles começaram a falar pelos cotovelos), mas que seja assim, que ao menos a liberdade de expressão seja democrática e não seletiva neste país.

E naquele momento de mudança, que nos deferiu essa preciosa liberdade, as lideranças políticas da época se manifestavam sobremaneira, lançando luz por suas ideologias, com discursos lindos, manifestações que carregavam legiões aos átrios públicos, nos mais diferentes rincões deste Brasil continental.

Era uma disputa acirrada, de retóricas densas, proferidas por políticos do quilate de Leonel Brizola, Ulisses Guimarães, Tancredo Neves e tantos outros, todos proficientes na arte da política, pouco me importando a ideologia de esquerda ou direita do leitor, pois a proposta é ambidestra.

As massas de estudantes, trabalhadores, civis, militares, jovens, idosos, desempregados, sindicalistas, todos cidadãos brasileiros, nos termos da constituição federal, que seguiam aqueles líderes, era um sinalizador da verdade que cada um carregava em seus discursos, cada qual com seu viés, mas eram sim, homens admiráveis e respeitados pelas lideranças que exerciam.

Pois aquele tempo passou, amanhã completo 49 anos e o tempo me impôs um duro castigo.

No dia em que a população do meu país se mobiliza de forma livre (com esteio naquela liberdade conquistada lá atrás, ao preço do sangue dos insurgentes), para se manifestar contra a maior onda de retrocesso social dos últimos 100 anos, imposta por um governo absolutamente ilegítimo e quase tão autoritário quanto os militares (a diferença é que se utiliza ostensivamente de outras formas de violência contra o nosso povo), sou violentado, afrontado e humilhado com a declaração de um homem público, atualmente prefeito da maior cidade do nosso país, que afirmou que a paralisação é coisa de "vagabundos".

Prefeito paulistano, o senhor não é "político", mas, tão somente, um subproduto abjeto do momento nacional, que permite que, em protesto, cidadãos apertem "a descarga", como se urnas fossem latrinas.

São Paulo pagará esse preço e quanto ao senhor, sequer posso lhe dizer que a história lhe cobrará a conta dessa declaração, pois tenho certeza que, efetivamente, o senhor não entrará para a história de nada neste país.

Ao término do seu mandato retornará ao seu lugar, de bajulador oportunista das grandes fortunas de São Paulo, uma espécie de "bobo da corte" dos tempos hodiernos.

Quanto aos milhares de trabalhadores que suspenderam suas atividades hoje, em protesto, contra a terceirização criminosa, a "deforma trabalhista", a criminosa e covarde "deforma" da previdência, enfim, aos professores, estudantes, jovens, cidadãos brasileiros que democraticamente cruzaram os braços, peço que aceitem o apoio desse "vagabundo", subscritor destes rabiscos, pois terei orgulho de me ombrear aos "vagabundos" que trabalham e protestam livremente, a ter que aplaudir a fala fascista de um bajulador rico que se locupleta justamente de nós, "vagabundos trabalhadores".

Revirem-se em seus túmulos, políticos de tradição, pois os idiotas estão no poder.

Hoje, para ratificar minha condição de "vagabundo" dispensei do trabalho toda a equipe de Walker Advogados Associados e contamos com um dos nossos advogados, o admirável Dr. Lucas Azeredo, de prontidão, para acompanhar eventuais arbitrariedades e excessos dos órgãos de repressão.

Sigo defendendo, sigo indignado, e mais vagabundo do que nunca.!!


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