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Adeus, Temer



BRASIL247

A delação premiada de Marcelo Odebrecht, se homologada pela Lava Jato, seria motivo bastante forte para abreviar a interinidade de Michel Temer (PMDB). Segundo depoimento do empreiteiro, o dono do golpe pediu e recebeu em dinheiro vivo R$ 10 milhões de propina.

O pedido de “apoio financeiro” feito pelo vice-presidente teria ocorrido em maio de 2014, durante um jantar no Palácio Jaburu, residência oficial de Temer, juntamente com o então deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS), atual ministro da Casa Civil.

As informações acima constam numa reportagem da Veja, edição deste fim de semana, que traz detalhes de como atuava o PMDB dentro da Petrobras.


Outro que pegou um “bocadinho” dessa propina — R$ 6 milhões — foi Pato Skaf, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo). Em 2014, o líder do Sistema S disputou o governo de São Paulo com o apoio de Temer.

O diabo é que não foi a primeira vez que o “impoluto” Michel Temer apareceu na Lava Jato. No início de junho recente, o interino mereceu denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por embolsar outros R$ 5 milhões da empreiteira OAS. A mídia escondera o fato do distinto.

E agora, doutor Janot? Que fazer, juiz Sérgio Moro?

Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), com a delação, “Temer acabou e Padilha deve ser afastado já”.

A seguir, leia a matéria de Veja:

Odebrecht cita Temer em negociação de delação premiada 
Na delação que a empreiteira está negociando, um anexo diz que Temer participou de reunião em 2014 que resultou na doação de R$ 10 milhões em dinheiro vivo 


Por Daniel Pereira


TUDO DECLARADO - O presidente interino Michel Temer: ele confirma o jantar com Odebrecht no Palácio do Jaburu, mas garante que pediu apoio financeiro dentro da lei e que tudo foi declarado (Jorge William/Agência o Globo)


VEJA teve acesso a um anexo da delação premiada mais esperada do escândalo do petrolão. A Odebrecht mobilizou mais de uma centena de advogados para assessorar a delação de seu presidente, Marcelo Odebrecht, e de cerca de cinquenta executivos da empresa. No trecho a que VEJA teve acesso consta a informação de que em maio de 2014 houve um jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República. Nele, estavam o próprio vice Michel Temer e o então deputado Eliseu Padilha, atual ministro-chefe da Casa Civil. Do lado da empreiteira, Marcelo Odebrecht. Segundo os termos do anexo, Temer pediu “apoio financeiro” ao empresário. Marcelo Odebrecht, um campeão em contratos com o governo federal e um financiador generoso de políticos e campanhas eleitorais, prometeu colaborar. Afinal, estava diante do vi­ce-presidente da República e comandante em chefe do PMDB, o maior partido do país, que controlou desde a redemocratização cargos estratégicos da máquina pública, como diretorias da Petrobras e de estatais do setor elétrico.
A Lava-Jato já sabe que empreiteiras repassaram propinas a partidos na forma de doações eleitorais. Ou seja: que usaram a Justiça Eleitoral para lavar dinheiro sujo. No caso da negociação no Jaburu, o anexo da empreiteira promete provar, caso a delação seja homologada, que se deu uma operação distinta: o pagamento do “apoio financeiro” aconteceu em dinheiro vivo, entre agosto e setembro de 2014. A Odebrecht repassou 10 milhões de reais ao PMDB. Do total, 4 milhões tiveram como destinatário final o próprio Eliseu Padilha. Já os 6 milhões de reais restantes foram endereçados a Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Skaf tem boa relação com Marcelo Odebrecht e é apontado como o mentor do jantar entre o empreiteiro e os peemedebistas, do qual não participou. Em 2014, ele disputou o governo de São Paulo pelo PMDB graças ao apoio de Temer. O repasse dos 10 milhões de reais em dinheiro vivo está, segundo o anexo, registrado na contabilidade do setor de operações estruturadas da Odebrecht, também conhecido como “departamento da propina”.
Em nota, o presidente interino confirmou o jantar e afirmou que ele e o empresário conversaram “sobre auxílio financeiro da construtora Odebrecht a campanhas eleitorais do PMDB, em absoluto acordo com a legislação eleitoral em vigor e conforme foi depois declarado ao Tribunal Superior Eleitoral”. Segundo dados do TSE, a Odebrecht repassou 11,3 milhões de reais à direção nacional peemedebista em 2014. Seria a mesma doação? Para evitar fraudes, a Justiça Eleitoral exigia que os recursos doados legalmente pelas empresas fossem depositados na conta do partido. Na delação da empreiteira, os 10 milhões saíram em dinheiro vivo e foram contabilizados em seu “caixa paralelo”.
Temer não esclareceu se foi ele quem pediu a ajuda financeira, conforme relatado à força-tarefa da Lava-Jato, ou se a iniciativa partiu de Marcelo Odebrecht. Consultado por VEJA, Eliseu Padilha enviou uma nota. Diz: “Lembro que Marcelo Odebrecht ficou de analisar a possibilidade de aportar contribuições de campanha para a conta do PMDB, então presidido pelo presidente Michel Temer”. Padilha negou que tenha recebido os recursos da Odebrecht. Sua assessoria escreveu: “Como Eliseu Padilha não foi candidato, não pediu nem recebeu ajuda financeira de quem quer que seja para sua eleição”. Paulo Skaf também declarou que a empreiteira não doou para a sua campanha e que recebeu apenas 200 000 reais da Braskem, petroquímica controlada pela Odebrecht. A empreiteira não comenta o assunto sob a alegação de que está negociando uma delação premiada e tem o compromisso de manter a confidencialidade.
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