Depois
de fazer o que se esperava dele, coordenar o processo de impeachment de Dilma,
o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi afastado do mandato e do cargo pelo
ministro do Supremo Teori Zavascki.
Antes
se assegurou que nada iria dar errado. Esperou-se que o senador Antônio
Anastasia (PSDB-MG), um golpista que não se intimida de ter praticado as mesmas
ações administrativas que estão levando Dilma ao impeachment quando era
governador do seu estado, fizesse um relatório condenando-a.
Esperou-se
também que não houvesse risco algum de que a ampla maioria do Senado estivesse
no barco do impeachment de Dilma, para tirar Cunha do cargo e do mandato.
Mas
engana-se quem acha que Cunha será o único.
A
suspensão do seu mandato por Teori permite ter alguma clareza sobre as
características do golpe em curso.
É
um golpe midiático judicial, como já escrito aqui no dia condução coercitiva de
Lula.
Os
políticos estão apenas fazendo parte do trabalho sujo, mas muitos serão presos
e perderão seus cargos neste processo. Como em todos os golpes.
Carlos
Lacerda achava que iria se tornar presidente com a queda de Getúlio, mas foi
assassinado pela ditadura.
Outra
ação que fica muito clara com essa ação espetacular contra Cunha, no dia que
ele seria julgado pelo pleno do STF, é que vem chumbo quente contra Lula e
Dilma.
Não
haveria como prender Lula e deixar Cunha dando as cartas no governo Temer.
E
ao mesmo tempo entregar a cabeça do presidente da Câmara é fundamental para que
a Lava Jato possa continuar operando sua justiça seletiva. E vá pra cima de
novos alvos. o jornalista Luis Nassif já falou que na lista dos procuradores
estão advogados e blogueiros.
Qual
a participação de Michel Temer nessa armação toda? Certamente não é pequena,
mas ainda não se sabe o seu alcance. Temer parece um membro ativo do golpe, mas
ao mesmo tempo um pato manco. Que terá de fazer o serviço que lhe for dado,
para também não ser golpeado.
Ao
denunciar Aécio, Dilma, Lula e uma série de ministros, deputados e senadores,
Rodrigo Janot preservou Temer. E com isso também deu dois sinais.
O
primeiro é o de que faz o que bem entende com as denúncias que lhe chegam.
O
segundo é que Temer está nas suas mãos e precisará dançar o samba que lhe
convier.
A
república midiática judiciária ainda está dando os seus primeiros passos. Mas
não é mais possível apenas assistir o que virá. Talvez seja o momento de ações
políticas internacionais mais radicais.
Talvez
seja mesmo o caso de Lula e Dilma pedirem asilo e denunciarem que o Brasil é
vítima de um golpe de Estado onde o direito de defesa não é mais uma garantia
cidadã. E que com base em peças kafkianas pessoas estão sendo encarcerados sob
os holofotes midiáticos.
Não
só Dilma e Lula, aliás.
Mesmo
Renan Calheiros deveria ficar esperto. Ele também corre riscos. Como boa parte
dos deputados, senadores, governadores e prefeitos.
A
tal mão forte da justiça vai pesar contra quem se colocar em sua frente e
contrariar seus canhões, como a Globo.
Dá
muita vontade de gritar chupa Eduardo Cunha, mas infelizmente o que seu
afastamento prenuncia é algo muito pior do que a sua índole, sua história e sua
folha corrida.
Fonte:
revistaforum
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