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Crianças indígenas estão morrendo por falta de médicos e remédios

Crédito da imagem: Avener Prado/Repórter Brasil


As mortes de 3 bebês indígenas do povo Kaiabi no intervalo de 11 dias, em abril deste ano, acendeu o alerta vermelho em relação ao descaso do governo com a saúde de crianças indígenas.

Jaqueline, de 2 meses, morreu de pneumonia após esperar desde o seu nascimento por uma cirurgia cardíaca.

A recém-nascida Milena Kaiabi, que nasceu na Aldeia Paranaíta no Parque do Xingu, estava chorosa e febril. Mas a enfermeira deslocada para a comunidade sem médicos disse não ser nada grave. A bebê morreu menos de um mês depois, com suspeita de meningite.

Nara Pedro, de 2 anos, morreu após perder a luta contra a desnutrição e contra uma pneumonia maltratada.

A saída dos cubanos do programa Mais Médicos, em novembro do ano passado, e o corte de verbas da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ambas ocorridas após a eleição do presidente Jair Bolsonaro, agravaram a já precária assistência nos territórios indígenas.

Os 7.500 indígenas das 16 etnias que vivem no Xingu ficaram sem médicos no início de novembro, quando Jair Bolsonaro, então presidente eleito, propôs mudanças no programa Mais Médicos que não foram aceitas por Cuba.

A saída dos médicos cubanos afetou diretamente o atendimento nas aldeias, pois dos 372 médicos que trabalhavam em terras indígenas, 301 eram cubanos, incluindo os seis médicos que atuavam no Xingu.

Além da falta de médicos, a ausência de remédios e anestesia agrava a situação dos indígenas. O combustível também é insuficiente para atender as emergências.

Por conta dos cortes, funcionários da saúde estão com salários atrasados e abandonaram seus postos. Alguns, solidários com a situação terrível que os indígenas enfrentam, trabalham voluntariamente.

A Sesai congelou parte dos recursos repassados aos 34 Distritos Sanitários Indígenas do país, responsáveis pela atenção primária aos 900 mil indígenas brasileiros. A justificativa para os cortes é suspeita de corrupção em contratos de prestação de serviço.

Dos 461 bebês que nasceram no Xingu nos últimos quatro anos, 20 morreram antes de completarem um ano. A taxa de mortalidade infantil no período, de 43 óbitos por mil habitantes, é três vezes maior do que a média brasileira, de 13.


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