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DEFENSOR DOS DIREITOS HUMANOS FOI EXECUTADO NA BAHIA




O idealizador da Caminhada da Paz na cidade de Tucano, Bahia, foi executado dentro de casa.

Pedro Henrique Santos Cruz Souza, de 31 anos, só queria a paz, mas, como tantos jovens negros no Brasil, foi vítima da violência. No dia 27 de dezembro de 2018, três homens encapuzados invadiram a casa do rapaz, no município de Tucano, na Bahia, e deram-lhe voz de prisão. Pedro, acostumado a ser abordado de forma abusiva por policiais militares, imediatamente, ficou em posição de rendição, de pé e com as mãos para cima, mas foi atingido por dois tiros efetuados pelos invasores e caiu sobre a cama. Mesmo assim, os criminosos continuaram disparando contra sua cabeça. Logo após, roubaram seu celular e fugiram em um veículo prata, que não foi identificado. Logo após o crime, policiais fardados chegaram ao local e registraram a ocorrência, mas a investigação do assassinato não está sendo feita corretamente.

Pedro era ativista pelos direitos humanos e lutava contra todo tipo de violência, principalmente a policial. No final de 2012, ele foi abordado e agredido por policiais militares, e denunciou a má conduta dos agentes. A denúncia de Pedro deu origem a um processo contra os agressores, que foram penalizados. O caso foi amplamente divulgado nas redes sociais, e o juiz de Tucano, Tadeu Ribeiro, encaminhou o inquérito para a Corregedoria-Geral, em 2013, mas nunca se teve notícia do andamento do processo, e Pedro passou a ser alvo dos agentes que deveriam protegê-lo.

Foto: após sofrer violência policial.

Em fevereiro de 2013, o ativista organizou, no município em que morava, a Primeira Caminhada da Paz, e passou a ser sistematicamente perseguido por policiais militares, que o intimidavam, ameaçavam e o agrediam fisicamente. A maioria das agressões foi registrada no Ministério Público. Em uma das abordagens, Pedro foi mantido em cárcere privado pela guarnição que o abordou e o acusou falsamente de portar uma pequena quantidade de maconha.

Mesmo perseguido, Pedro organizou mais cinco Caminhadas da Paz, nas quais, além de protestar contra a violência, trocava camisetas por alimentos não perecíveis, que eram doados a pessoas carentes. A última caminhada foi realizada em maio de 2018, quando as perseguições ao ativista tornaram-se cada vez mais violentas.

Em 28 de outubro de 2018, oficiais da Guarda Civil Metropolitana invadiram a casa de Pedro, onde encontraram cinco pés de cannabis sativa, e o levaram até a delegacia de Euclides da Cunha. O rapaz foi, então, preso por tráfico de entorpecente e ameaçado de morte pelo delegado. Após 24 horas encarcerado, ele foi liberado, pois o caso foi avaliado por um juiz, que considerou a prisão ilegal.

Depois disso, o ativista passou a ser ameaçado de morte nas redes sociais e sua vida se tornou um inferno, até ser assassinado em dezembro.

Vídeo da Caminhada da Paz em Tucano, Bahia:

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