247 - Em editorial publicado nesta terça-feira (4), o jornal espanhol El País resgata o legado do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e reconhecendo o compromisso do ex-presidente com a democracia. De acordo com o texto, "a ex-mandatário ensinou uma geração de políticos latino-americanos que, por mais adversas que sejam as circunstâncias, a democracia sempre vence".
"É seguro dizer que o político brasileiro abriu um novo caminho para entender a ação política como um total e absoluto respeito pelas regras democráticas em um continente que durante grande parte da segunda metade do século XX foi severamente punido pelos regimes militares totalitários em vários países, incluindo o Brasil", diz.
Leia a íntegra do texto:
A decisão do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil de proibir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de concorrer em outubro, por ser condenado a 12 anos de prisão por corrupção, abre um panorama de grande incerteza política e institucional faltando apenas 35 dias para uma eleição transcendental para o gigante sul-americano e toda a região.
Mas além da condenação que separa o principal favorito do pleito - decisão adotada por um tribunal legítimo de um país democrático - é essencial destacar a importância da trajetória e do legado de Lula na política brasileira e latino-americana.
É seguro dizer que o político brasileiro abriu um novo caminho para entender a ação política como um total e absoluto respeito pelas regras democráticas em um continente que durante grande parte da segunda metade do século XX foi severamente punido pelos regimes militares totalitários em vários países, incluindo o Brasil.
Escalando a partir dos degraus inferiores do sindicalismo, Lula chegou a liderar uma força de esquerda muito importante - o Partido dos Trabalhadores - que, apesar de seu grande apoio popular, nunca desempenhou um papel na desestabilização do sistema democrático, independentemente de quantos problemas enfrentasse. Demonstrando lealdade e senso de Estado absolutos, Lula renegou os atalhos populistas e concordou com a presidência do Brasil em uma eleição depois de ter perdido três vezes.
Sua presidência entre 2003 e 2010 ficará na história do Brasil como um período de avanços espetaculares na luta contra a desigualdade, de desenvolvimento e ascensão do país a um ator internacional com influência mundial.
O ex-mandatário ensinou uma geração de políticos latino-americanos que, por mais adversas que sejam as circunstâncias, a democracia sempre vence.
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