247 - O papa Francisco recebeu nesta sexta (3) mais um grupo de brasileiros que o procuraram para denunciar a violação de direitos humanos no país e criticar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os membros da comitiva foram Marinete Silva, mãe da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), assassinada em março, a jurista Carol Proner, co-autora de um livro que critica a condenação do ex-presidente Lula, a pastora luterana Cibele Kuss e Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro de Direitos Humanos e ex-coordenador da CNV (Comissão Nacional da Verdade).
O encontro ocorreu um dia após o papa receber o ex-embaixador brasileiro Celso Amorim, que entregou um livro sobre Lula, e recebeu de volta um bilhete do papa para o ex-presidente pedindo que o petista orasse por ele. "O papa está muito preocupado com a situação da América Latina e nos disse que está acompanhando tudo de perto", diz Carol Proner.
A advogada informou que foram entregues ao Papa dois livros: "A Resistência Internacional ao Golpe de 2016", (Canal6 Editora, 2016, com vários artigos, entrevistas e documentos) e "Comentários a uma Sentença Anunciada - o Processo Lula" (Projeto Editorial Práxis, 2017, com textos de vários juristas).
"Eu expliquei a ele que a forma como a Operação Lava Jato está sendo conduzida, com a flexibilização de provas, de forma seletiva, e com a mídia elegendo juízes heróis, acaba gerando injustiças", afirma ela. "Disse que o próprio Supremo Tribunal Federal violou um direito universal, que é o da presunção da inocência. Expliquei que isso prejudica não apenas o Lula mas milhares de pessoas que estão na mesma situação e que têm violado seus direitos de forma irreparável".
Proner afirma que o papa repetiu palavras semelhantes às de um discurso que fez em maio, sobre a forma como, segundo ele, "a mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a difamação essas pessoas ficam manchadas". No mesmo discurso, ele disse que "depois chega a Justiça, as condena e, no final, se faz um golpe de Estado".
De acordo com a advogada, desta vez ele afirmou que tem observado como "alguém acusado por corrupção através da mídia é destruído publicamente. Depois o juiz inventa uma legislação, não respeitando direitos, para confirmar o processo de condenação antecipado"
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