247 - A mídia conservadora, em especial os veículos da família Marinho, está em campanha de ameaças explícitas contra o ministro Dias Toffoli, que assume a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro. O objetivo é impedir que o sucessor de Cármen Lúcia assuma a cadeira com independência. Tudo converge para a mesma alegação: Toffoli seria quase que um "infiltrado" do PT no STF. O tom foi dado pela colunista Miriam Leitão, em O Globo, na última terça (10): "Dias Toffoli é leal ao PT ou às leis?" -o artigo, em tom de editorial, é assinado por Leitão, mas ela divide com outro jornalista, Merval Pereira, a função de porta-voz informal da família Marinho.
É um festival de pressão e ameaças, sem qualquer sutileza: "Toffoli vai assumir presidência do STF e pode soltar Lula em julho" (Correio Braziliense); "Ex-advogado do PT vai presidir o STF no auge do caso Lula" (Gazeta do Povo); "'Toffoli é o Favreto do Supremo'" (O Estado de S.Paulo); "O Brasil não vai aguentar Dias Toffoli na Presidência do STF" (Jovem Pan).
Os comentaristas da Globo News, da rádio CBN e outros veículos dos Marinho a todo momento cutucam Toffoli, apontando sua ligação passada com o PT como se fosse uma advertência. Mesmo o Valor Econômico, também da família Marinho, que se apresenta como uma voz "racional e equilibrada" do mercado, não escapa à tentativa de estigmatizar o ministro. Em reportagem publicada nesta sexta (13) que busca se diferenciar do espírito de campanha aberta dos demais veículos da casa, o texto, lá pelas tantas, carimba: "Toffoli trabalhou arduamente no Supremo para se livrar do selo petista carimbado em sua testa. Trata-se, porém, de um passado de intimidade com o partido. A lista é longa: foi colaborador do governo de Luíza Erundina na Prefeitura de São Paulo, quando ela era do PT, no início dos anos 90; consultor Jurídico do Departamento Nacional dos Trabalhadores Rurais da CUT Nacional de 1993 a 1994; assessor parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo em 1995 (do deputado Arlindo Chinaglia, do PT); assessor jurídico da liderança do PT na Câmara de 1995 a 2000; advogado eleitoral das duas campanhas vitoriosas do ex-presidente Lula (em 2002 e em 2006); subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil na gestão de José Dirceu (de janeiro de 2003 a julho de 2005) e advogado-geral da União (de março de 2007 a outubro de 2009)" (a íntegra pode ser lida aqui).
Não há registro de reportagem similar para a longa trajetória de Alexrande de Moraes com o PSDB.
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