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O RECUO DO VATICANO E O 'COMBATE A FAKE NEWS' NA GUERRA POLÍTICA BRASILEIRA




CONSULTOR DO VATICANO DENUNCIA FAKENEWS DA MÍDIA E CONFIRMA QUE TERÇO VEIO DO PAPA A LULA

Em uma longa carta a Lula, o consultor do Vaticano Juan Grabois esclarece o episódio em que tentou visitar o ex-presidente em Curitiba, mas foi impedido "e forma injustificada, arbitrária e mal-educada", e confirma o que a grande mídia tentou transformar em fakenews: que o rosário foi enviado do pontífice a Lula, com total consciência do pontífice; "Aproveitei quela visita ao Vaticano para conversar com o papa sobre a situação e pedir-lhe um rosário abençoado para te levar a ti. Assim foi"; Grabois também critica o Vatican News por "nota tão inapropriada" e diz que ela foi retirada após reclamação sua com "superiores"; leia a íntegra


247 – O Vaticano, que, como qualquer estado, enfrenta disputas internas entre setores progressistas e conservadores, foi alvo, nesta terça-feira 12, de uma gigantesca polêmica no Brasil, que poderá levar à censura ou à asfixia econômica de meios de comunicação independentes. Isso porque uma nota divulgada precipitadamente pelo Vatican News, posteriormente deletada, foi usada por agências de checagem de dados, como Lupa e Aos Fatos, para atacar sites independentes como Brasil 247, Diário do Centro do Mundo e Revista Fórum, em razão da visita frustrada do advogado Juan Grabois, que é próximo ao Papa Francisco, ao ex-presidente Lula.

Grabois veio trazer a Lula um terço abençoado pelo pontífice assim como palavras do Papa Francisco, como atesta a nota oficial do Vaticano que foi publicada na noite de ontem. "Grabois definiu inexplicável a rejeição de não ter podido se encontrar com Lula a quem queria levar um Terço abençoado pelo Papa, as palavras do Santo Padre e as suas reflexões com os movimentos sociais e discutir assuntos espirituais com o ex-chefe de Estado", diz o texto.

Esta nota representa uma guinada de 180 graus nas manifestações anteriores do Vaticano, já devidamente deletadas, que antes se referiam a Grabois como "ex-consultor" e também como alguém que agia "em caráter pessoal". Na nota que foi apagada pelo Vaticano, também sumiu o trecho, fartamente usado por veículos conservadores no Brasil, que afirmava que 'terços como esse são levados, como o Santo Padre deseja, a tantos prisioneiros do mundo sem entrar no mérito de realidades particulares'.

Portanto, a posição oficial do Vaticano neste momento, pode ser resumida da seguinte forma: Grabois é consultor do pontífice e veio ao Brasil com a missão de trazer a Lula um terço abençoado e também AS PALAVRAS do Santo Padre – o que evidencia o caráter institucional – e não meramente pessoal – da sua visita. O fato de comunicados anteriores terem sido apagados também sugere que o próprio comando do Vaticano pode ter determinado a revisão dos procedimentos antes adotados pela comunicação da Santa Sé.


O 'combate a fake news' como arma na guerra política


Recentemente, o Facebook contratou agências de checagem de dados para monitorar a disseminação de notícias falsas, com o pretenso objetivo de evitar que o debate político seja contaminado por manipulações. Duas das agências contratadas pelo Facebook foram exatamente a Lupa e a Aos Fatos.


A Lupa tem como investidora a Editora Alvinegra, que pertence a João Moreira Salles, um dos herdeiros do Itaú Unibanco, e é parceira do Uol, da família Frias, que edita a Folha de S. Paulo, jornal que, em editoriais, apoiou a deposição da presidente Dilma Rousseff e a prisão do ex-presidente Lula – dois processos amplamente questionados por intelectuais, acadêmicos e juristas do Brasil e do mundo.

A Aos Fatos se apresenta como um microempresa sediada no Rio de Janeiro e que presta consultorias remuneradas para o Facebook Journalism Project, a Open Knowledge Brasil, a Transparência Internacional, a Cidade dos Sonhos e a Purpose.

No dia de ontem, tanto a Lupa como a Aos Fatos publicaram posts agressivos contra 247, DCM e Fórum, a partir da nota já deletada pelo Vaticano. Tais posts foram usados pelo Facebook para advertir os três sites do campo progressista sobre a disseminação de notícias falsas, alertando ainda sobre a possibilidade de redução drástica do alcance de suas publicações.

De maneira geral, o Facebook responde por grande parte do tráfego de notícias dos sites de informação – e, portanto, também da sua geração de receita publicitária. Portanto, qualquer medida que instrumentalize o necessário debate sobre o combate a notícias falsas, que está presente na mídia corporativa brasileira em larga escala, e o coloque a serviço de interesses privados, será levado aos foros adequados, tanto na esfera política quanto jurídica.

Embora o Vaticano tenha deletado suas postagens anteriores e publicado uma nova versão oficial sobre o caso Juan Grabois, atestando que ele é consultor do Papa e veio a Lula trazer não apenas um terço abençoado como também as palavras do Santo Padre, as agências Lupa e Aos Fatos não revisaram adequadamente suas notas, nem se desculparam diante de seus leitores por terem atacado veículos do campo progressista, que já foram advertidos pelo Facebook. Tais agências também serão alvo de ações judiciais, caso não se retratem e revisem suas posições, comunicando seu contratante – o Facebook – sobre a notícia falsa que espalharam.

Recentemente, o jornalista Luis Nassif, editor do GGN e um dos profissionais mais respeitados do Brasil, criou a Agência Xeque e também se colocou à disposição do Facebook para participar do esforço de combate a fake news. Segundo ele, o combate às fake news, quando instrumentalizado por grupos econômicos, se converte numa nova forma de censura, a "censura 2.0". Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que é jornalista e líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara, esse debate será levado ao parlamento para evitar que novos mecanismos de censura sejam usados para coibir a liberdade de expressão no Brasil.




Corrigindo um nosso serviço precedente sobre o caso Grabois-Lula, devemos ressaltar que havia imprecisões na tradução e nas transcrições que induziram a alguns erros. Abaixo apresentamos a notícia correta.

O advogado argentino Juan Gabrois é Consultor do ex-Pontifício Conselho Justiça e Paz, que passou a fazer parte do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e é o coordenador do encontro mundial dos movimentos sociais em diálogo com o Papa Francisco.


Grabois concedeu uma entrevista (https://youtu.be/A7F-C1Bi5Q0) depois de ter sido impedido de visitar o ex-presidente Lula no Cárcere de Curitiba, onde está detido há mais de dois meses. Grabois definiu inexplicável a rejeição de não ter podido se encontrar com Lula a quem queria levar um Terço abençoado pelo Papa, as palavras do Santo Padre e as suas reflexões com os movimentos sociais e discutir assuntos espirituais com o ex-chefe de Estado.

Grabois disse que está muito preocupado com a situação política no Brasil e em vários países da América Latina. Enfim, disse estar muito triste pela proibição de realizar esta visita, mas que o importante é ter conseguido levar a Lula o Terço.

Leia um post precipitado, publicado em redes sociais do Vaticano, que foi posteriormente deletado:


"Em mérito às notícias circuladas sobre o suposto envio de um Terço pelo Papa Francisco ao ex-presidente Lula, esclarecemos que o advogado argentino Juan Grabois, fundador do Movimento dos trabalhadores excluídos e ex-consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz, tentou fazer uma visita - a título PESSOAL - ao ex-presidente, tendo após a tentativa infrutífera, concedido uma entrevista diante do prédio da Polícia Federal em Curitiba. Na entrevista - e nos ativemos a ela - EM NENHUM MOMENTO Grabois afirmou que o Terço foi enviado pelo Santo Padre, mas apenas "ABENÇOADO" pelo Papa"


Leia ainda a nota publicada pelo serviço Vatican News, posteriormente deletada, e que foi usada pelas agências Lupa e Aos Fatos contra a mídia independente:


“O advogado argentino Juan Gabrois, fundador do Movimento dos trabalhadores excluídos e ex-consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz, deu uma entrevista em sua tentativa de visitar o ex-presidente Lula na prisão de Curitiba, onde está detido há mais de dois meses. Grabois disse que a visita era pessoal e não em nome do Santo Padre. Ele não teve a permissão para se encontrar com Lula”
Na entrevista, ele nunca declarou que foi o Papa a enviar o terço, mas simplesmente que se tratava de um terço que tinha sido ‘abençoado’ pelo Papa. Terços como esse são levados, como o Santo Padre deseja, a tantos prisioneiros do mundo sem entrar no mérito de realidades particulares”.


Portanto, fica claro que cabe uma retratação das agências contratadas pelo Facebook para monitorar a disseminação de notícias falsas.


Confira o "Bom dia 247" sobre o tema:



CONSULTOR DO VATICANO DENUNCIA FAKENEWS DA MÍDIA E CONFIRMA QUE TERÇO VEIO DO PAPA A LULA

Em uma longa carta a Lula, o consultor do Vaticano Juan Grabois esclarece o episódio em que tentou visitar o ex-presidente em Curitiba, mas foi impedido "e forma injustificada, arbitrária e mal-educada", e confirma o que a grande mídia tentou transformar em fakenews: que o rosário foi enviado do pontífice a Lula, com total consciência do pontífice; "Aproveitei quela visita ao Vaticano para conversar com o papa sobre a situação e pedir-lhe um rosário abençoado para te levar a ti. Assim foi"; Grabois também critica o Vatican News por "nota tão inapropriada" e diz que ela foi retirada após reclamação sua com "superiores"; leia a íntegra



247 - Em uma longa carta a Lula, publicada em sua página no Facebook, o consultor do Vaticano Juan Grabois, advogado argentino que tentou visitar Lula na prisão na última segunda-feira 11, mas foi barrado pela Polícia Federal, esclarece o episódio e confirma o que a grande mídia e agências que se propõem a verificar notícias falsas tentou transformar em fakenews: que o rosário abençoado foi enviado pelo papa Francisco a Lula. Ele também critica o Vatican News por publicar "nota tão inapropriada" sobre o caso e diz que o texto foi retirado após reclamação sua com "superiores". Leia a íntegra:

Compartilho a carta que enviei a Lula em relação à polêmica sobre a minha visita ao pênalti de Curitiba.

Querido Lula:

Ontem eu saí do Brasil muito angustiado. Como sabes, impediram-me de te visitar de forma injustificada, arbitrária e mal-educada. Depois, visitei os meus irmãos e irmãs provadores, carrinheiros, camponeses, favelados, professores, servidores públicos, operários e integrantes de diversas pastorais. Pude sentir a dor do seu povo, partilhar a sua impotência perante a injustiça, a sua revolta perante a perseguição do seu máximo dirigente. Notei também a enorme deterioração institucional, social e política que o Brasil sofre por causa da ambição de poucos que concentram o poder e impedem que as diferenças se apaziguamento nos quadros da democracia.

O drink mais amargo, porém, me esperava no aeroporto de Curitiba. Foi aí que soube que estavas a ser atacado nos meios de comunicação social e redes sociais. Dizem que mentiu sobre o Rosário enviado pelo Papa Francisco. Acontece que tu, preso e incomunicável, também mentem! Com espanto vi que os seus inquisidores indicavam que a fonte da sua calúnia era o próprio Vaticano. Maior foi a minha surpresa quando confirme que numa página da internet chamada vatican news tinham publicado um texto em português agressivo, cheio de imprecisões e erros de redacção. A comunicação desta página não pode ser considerada oficial, mas, com efeito, trata-se de um local dependente do secretariado de comunicação do Vaticano. Enquanto Lia, não podia sair do meu espanto. Evidentemente, um editor desse site, sabe Deus com que intenção ou a pedir de quem, quis causar um tumulto e conseguiu. Quando pude reclamar com os superiores, a nota foi removida do site e substituída por uma adequada (https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2018-06/precisacao-sobre-caso-grabois-lula.html), mas o dano já estava feito. Infelizmente, os meios que espalharam até o paroxismo a suposta desmentida alegria não visualizaram a nova nota com a informação correcta. Será que vivemos na era da posverdad.

Nunca revelei o conteúdo de um encontro com o Papa Francisco porque sou leal, o respeito e admiro muito. Além disso, sei que o seu apoio aos movimentos sociais e aos pobres lhe traz mais do que uma dor de cabeça. Como sabe, ele também sofre o ataque sistemático dos fariseus e herodianos dos nossos tempos. No entanto, tendo em conta as circunstâncias, sinto-me na obrigação de te contar como foram as coisas. Em meados de maio estive no Vaticano para visitar o Francisco, que me honra com uma amizade que não mereço, ama a pátria grande e - como ele mesmo indicou - está preocupado com a situação actual. Como sabe, é muito claro e frontal, não precisa de porta-Vozes e eu nunca quis ser. Sofro muito quando a mídia me coloca nesse lugar. Eu apenas tento ajudar no diálogo com os movimentos sociais, algo que tenho feito desde que nos conhecemos em Buenos Aires, há mais de dez anos, lutando por uma sociedade sem escravos nem excluídos. Neste momento, colaboro com o dicastério para a promoção do desenvolvimento humano integral que preside o cardeal Peter turkson com quem organizámos os três encontros mundiais de movimentos populares e outras atividades para promover o acesso à terra, o teto e o trabalho como direitos. Essenciais.

Por esses dias de maio, meus amigos dos movimentos populares do Brasil me ofereceram a possibilidade de te visitar. Fiquei muito satisfeito porque admiro o que fizeste como presidente pelos mais pobres e tenho a certeza de que és alvo de uma perseguição política, tal como Nelson Mandela e tantos outros dirigentes políticos na história recente. Aproveitei, então, aquela visita ao Vaticano para conversar com o papa sobre a situação e pedir-lhe um rosário abençoado para te levar a ti. Assim foi. É incrível que um gesto tão simples de solidariedade e proximidade do papa, um objeto que serve para rezar, gere tantos problemas, mas não é a primeira vez e vatican news é responsável por ter permitido que se publique essa nota tão inapropriada e falta de profissionalismo. . O seu responsável pediu-me perdão e perdoo-lhe, porque todos podemos cometer erros. Mas também sei que houve danos graves.

Também quero esclarecer que, quando me negaram ver-te, pedi aos teus colaboradores que te levassem o Rosário, exporta expressamente que vinha da parte do papa com a sua bênção. Por esse motivo, o que eles afirmaram na sua conta do facebook - erroneamente denunciada de fakenews e ameaçada com a censura - é simplesmente o que eu lhes disse: A verdade. Entrego esta carta aos seus colaboradores com a autorização expressa de que a postem se lhes serve para amenizar o dano causado, embora temo que aqueles que odeiam esse operário que tirou da fome a quarenta milhões de excluídos e colocou de pé a América Latina em frente aos seus colaboradores. Os poderes globais não vão dizer a verdade.

Te peço perdão pelo que aconteceu e te deixo um abraço fraterno, Latino-Americano e solidário;

Rezo pela tua liberdade, o teu povo e a nossa pátria grande;




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