Minas 247 - O “governo” Temer prepara uma campanha nos meios de comunicação de massa para privatizar a Eletrobras. Como já percebemos na reforma da Previdência, não será pouco dinheiro – pelo contrário, certamente muito dinheiro público será gasto em publicidade tentando novamente justificar o injustificável: que a privatização levaria à redução da conta de luz para o consumidor.
É óbvio que essa tese publicitária do “governo” Temer é absurda. Ainda assim, a campanha será feita, gastando rios de dinheiro.
O sistema elétrico brasileiro, ao contrário do que ocorreu, por exemplo, nos países europeus, nasceu em mãos privadas. Com o tempo, foi estatizado, exatamente porque as empresas donas das companhias de geração e distribuição de energia, várias delas estrangeiras, não deram conta de atender a população. Até os militares perceberam isso e estimularam a estatização do setor, já após a instauração da ditadura em 1964.
Há também algo bem específico nesse setor que merece a atenção. Gasta-se muito dinheiro no investimento, por exemplo, para criação de nova geração (sobretudo a hidrelétrica, dominante no Brasil). Mas, uma vez pago esse investimento, o que vem daí é praticamente o custo de manutenção. Vender agora a Eletrobras para os investidores privados, portanto, é assumir um negócio muito ruim para os cofres públicos. E excelente para os eventuais compradores privados.
Países como a Austrália, Nova Zelândia e até a Inglaterra passaram por reversão de privatizações, retornando empresas ao setor estatal, porque a experiência não valeu a pena.
Isso é mais evidente em países com grande participação da energia hidrelétrica, como é exatamente o caso brasileiro. No Canadá, o setor é dominado por companhias das províncias, que constituíram empresas públicas (Columbia Britânica, Manitoba, Québec, por exemplo). Na China, as hidrelétricas igualmente pertencem a empresas públicas. Até nos EUA, onde a energia hidrelétrica tem peso menor (só 10% do total), o maior operador é controlado pelo Exército – e o segundo maior é do Departamento do Interior, uma agência pública federal.
Isso não se deve, como se vê, por razões ideológicas, mas econômicas. Temer e seu “governo”, com a ajuda da mídia corporativa, vai tentar convencer a população do contrário.
E quem pagará por isso, em várias parcelas, será o próprio povo. Como ocorreu aqui mesmo no Brasil, no passado privatista do setor, o mais provável é que o consumidor passe a pagar mais pela energia. É da natureza da iniciativa privada.
Há um outro aspecto grave: nos anos 60, quando a Light pertencia a uma empresa privada canadense, o Rio de Janeiro sofreu um duro racionamento de energia. Algo parecido no Brasil seria visto somente no fim dos anos 90 e início deste século, já no governo tucano de Fernando Henrique, que trouxe de volta a visão privatista para o setor.
Com Temer e seu modelo para o setor energético, voltamos a viver com o fantasma do racionamento à espreita.
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