Duetsche Welle - Sobre Jair Bolsonaro ouve-se e lê-se com frequência que ele é o Donald Trump do Brasil. Isso talvez seja um pouco cruel – com Trump. Além disso, é errado. Sem dúvida há paralelos entre o presidente dos Estados Unidos e o brasileiro candidato à Presidência, escreve o Süddeutsche Zeitung, maior jornal alemão.
Ambos xingam contra minorias e jornalistas, consideram o homem branco o ápice da criação, aparentemente passam grande parte do dia tuitando besteiras e são, de qualquer forma, contemporâneos desagradáveis. Mas se isso bastasse para ser um novo Trump haveria milhões de Trumps por aí. Sobretudo porque Bolsonaro, de 62 anos, diferencia-se radicalmente do principiante da política em Washington: ele não é um iniciante, um antipolítico. (…) Durante quase três décadas quase ninguém levou a sério o deputado Bolsonaro, afora sua clientela radical. A novidade agora é que ele tenha encontrado ouvidos para as suas tiradas.
Bolsonaro nasceu em 1955 numa pequena cidade de São Paulo. Seu pai lhe deu o segundo nome de Messias. Combina com a sua autoencenação: cristão, próximo do povo, duro, honesto, incorruptível. Tirando o seu fervor ultracatólico, o resto é tudo mentira. Bolsonaro é dono de imóveis de luxo, que ele jamais poderia ter comprado com o salário de deputado. Apesar disso, ele incita ódio contra a elite corrupta. De forma bizarra, ele atinge com esse discurso justamente os brasileiros mais ricos e instruídos: a elite. Esses têm até outubro para entender que cada voto para esse messias de direita é um voto contra a democracia.
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