Esta semana deparamos com atitudes racistas e covardes de um grupo de estudantes da instituição. Estudei no IFF, antigo CEFET, por quatro anos e posso afirmar que estudei muito para ingressar naquela instituição, sem recursos financeiros,sabe toda aquela história. Lá aprendi a ser tolerante com homossexuais, sim amiga fui um homofóbico, a conhecer as ideias progressistas.
Os imbecis que cometeram a barbaridade e sujaram a imagem do instituto, do meu ponto de vista, não merecem a expulsão como punição, tampouco suspensão por mais justa que seja, e sim aprenderem a conviver e tolerar aqueles que odeiam e detestam: os negros e outras minorias.
O que pensam os responsáveis destes alunos, o que falam em casa sobre os negros, o candomblé, os nordestinos, a umbanda.
Será que dizem que negros “defecam” na saída quando não sujam na entrada ?
Chamam nordestinos de “comedores de calango”, ou “cabeças chatas” ?
Diz o sábio que educação se aprende em casa.
Expulsar só piora a situação. A educação é melhor forma de “punição”. Aprender a conviver com quem eles tem ódio, quem detestam. Deveriam fazer trabalho voluntário em instituições de caridade, orfanatos, ONGs, centros socioeducativos, onde os negros estão em volume por serem desejados da sociedade por serem vítimas da Escravidão.
Visitar terreiros de candomblé e umbanda. Senzalas perdidas pela cidade. Ouvir e sentir de seus colegas o histórico de suas vidas, o processo para chegar a uma instituição de excelente educação, as DIFICULDADES da vida que leva, a vulnerabilidade como residentes em localidades dominadas pelo tráfico de drogas e a violência policial.
Jessé Souza, sociólogo, afirma em suas obras acadêmicas que nosso comportamento como sociedade foi moldado pela Escravidão, daí o ódio aos pobres. É comum ouvir de conhecidos e familiares o apoio a mortes violentas contra os pobres por “supostamente” serem criminosos ( como os pais falam disso em casa ?).
Jessé também alerta que na última década os pobres e negros passaram a ter acesso a educação, universidades públicas e escolas técnicas, e isso significa que uma parte da população se incomodou ao ver parte destes cidadãos ocupar o espaço que antes era dominado por um grupo “racial” e social.
Jessé na obra A tolice da inteligência brasileira nos diz que recursos como educação, saúde, cultura, previdência, e outros são escassos. Jovens pobres e negros terem acesso a educação de qualidade significa a entrada de novos concorrentes no mercado de trabalho, e sabemos que emprego é um recurso escasso pois o próprio mercado de trabalho não absorve todos.
Daí o uso de ações racistas como instrumento de diminuição da identidade das pessoas. Do ódio como máquina de destruição moral e psicológica. São os recursos e o acesso aos bens como a educação e os empregos melhor remunerados ( que causam prestígio e status). Jessé aponta que a classe média possui o privilégio do capital cultural, compra o horário dos filhos para que eles possam dedicar seu tempo livre para se qualificar, para alcançar posições de destaque na sociedade.
As ações afirmativas foram e são ainda uma ameaça a determinados setores da sociedade ao ver seus privilégios serem ameaçados. Acesso a moradia, boa qualificação profissional, língua estrangeira, profissão, etc. são fatores que possivelmente causam estes distúrbios sociais.
Odiar um negro vai muito além de seu cabelo e cor de pele. É o acesso aos recursos escassos, aos bens materiais e imateriais que incomoda e tem o racismo como instrumento para demonstrar sua oposição a políticas afirmativas e de mitigação social.
Coincidentemente, ao promover políticas de inclusão social as universidades públicas vem sofrendo ataques dos governos atuais, de arrocho no orçamento, cortes de verbas, sucateamento das suas instalações, etc. Ataques ideológicos que entendem o investimento público em ciências e tecnologia, e na promoção social como despesa. Os cortes, o arrocho, são simples instrumentos que estrangulam as universidades e institutos federais.
Os imbecis racistas por covardia preferem atacar sorrateiramente os mais vulneráveis da sociedade em vez de atacar aqueles que realmente promovem a queda da qualidade da educação pública. Não atacam o governo seja federal, estadual ou municipal.
Como diz Mário Sérgio Cortella todo racista é um covarde pois ao ver que aquele que detesta passa a se tornar maior o ataca ferindo sua dignidade.
O guerreiro goleiro Aranha que o diga.
Luiz Henrique Gomes Moraes - Técnico administrativo da universidade estadual do norte Fluminense
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