Lula a Morais: “não existe o Lula raivoso, existe o Lula indignado”
TIJOLAÇO - Na segunda parte da entrevista dada ao jornalista Fernando Morais – a primeira parte está aqui – , o ex-presidente Lula trata do que ele afirma serem suas preocupações centrais: a defesa da economia nacional, do papel indutor do Estado no desenvolvimento nacional e o tema-tabu da regulação da comunicação. E diz que está fada ao fracasso a tentativa de amedrontá-lo com a acusação de ter “radicalizado”: “não existe o Lula raivoso, existe o Lula indignado”.
Leia, a seguir, ou veja o vídeo, ao final do post.
Fernando Morais: Na caravana, na de Minas, pelo menos, o senhor tocou com insistência em dois pontos que me parecem fundamentais para a sociedade, não para um setor da sociedade, para a sociedade como um todo. Primeiro, é o seguinte. Se eleito presidente da República reaver o que o governo golpista do Temer está vendendo da soberania nacional da bacia das almas. O primeiro é ver o que o governo Temer fez que feriu a soberania ou os direitos adquiridos dos trabalhadores. Esse é o primeiro item que eu gostaria que o senhor desenvolvesse um pouco mais.
O segundo é a democratização dos meios de comunicação no Brasil. Eu me lembro que em determinadas cidades a impressão que dava era que se fosse tocar neste assunto o povo ia receber com frieza. A tigrada uivava quando o senhor falava nisso.
Lula: É porque o povo, o povo sabe o que está acontecendo. O que eu estou propondo na verdade é propor um referendo revogatório. Ou seja, você aprovar no Congresso Nacional um referendo para que o povo dê autorização para fazer as reformas.
O que precisa ser feito? Sobretudo o desmonte de empresas públicas brasileiras como a Petrobras. Porque a Petrobras não é apenas uma empresa de petróleo. A Petrobras é uma espécie de empresa de desenvolvimento neste país. Tem milhares de pequenas empresas que dependem do crescimento, do desenvolvimento da Petrobras. A Petrobras é a empresa que mais investia em pesquisa neste país. Ou seja, nós não achamos o pré-sal por acaso. Nós achamos o pré-sal porque fizemos muito, muito, muito investimento em pesquisa.
E quando a gente descobriu o pré-sal eles diziam “não, porque não vai dar certo, está a sete mil metros de profundidade”.
Fernando Morais: “É economicamente inviável”, diziam.
Lula: É inviável, não sei das quantas, é o xisto, o gás de xisto americano que é barato. Passados três anos, o que acontece? O barril do petróleo antes do imposto tirado do pré-sal custa oito dólares e meio. Na Arábia Saudita custa seis dólares e meio. Portanto, o nosso petróleo está muito barato, porque a Petrobras investiu em tecnologia, conhecimento, e a gente consegue tirar hoje mais da metade do petróleo que consumimos já do pré-sal. Esta é uma coisa.
A outra coisa é você não permitir a destruição de bancos como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, O BNDES, que são instrumentos da política econômica do governo. Na crise de 2008, se não fossem os bancos públicos, se não fosse o BNDES, a gente tinha entrado em uma crise profunda como entrou a União Europeia, como entraram os Estados Unidos.
Foi valendo-se dos bancos públicos que a gente continuou fazendo financiamento. Foi passando seis bilhões para o BNDES que a gente conseguiu fazer financiamento e investimento. Se o governo abrir mão disso, o governo vai ficar refém do mercado a vida inteira e não é correto.
Eu não sou defensor, Fernando, de um Estado empresarial. O Estado tem que fazer? Não. Eu sou defensor do Estado indutor. Ou seja, o Estado tem que ter instrumentos de indução. Ou seja, de levar desenvolvimento para as mais diferentes regiões do Brasil, para permitir que as pessoas possam viver numa sociedade equânime, em um país mais igualitário.
Não é uma região em que se pode comer quatro vezes por dia e na outra não pode comer nem uma vez por dia. Em todas tem que poder comer três vezes por dia. Então eu quero pedir licença. O direitos trabalhista, ou seja, rasgaram a CLT. Não que a CLT não precisasse de uma adequação. Afinal de contas ela foi feita pelo Getúlio em 1943. Ela merece uma adequação. Muita coisa já tinha sido mudada por lei ordinária neste período todo. Mas você pode adequá-la a cada tempo, a um novo mercado de trabalho, ao mundo. Mas não da forma como eles fizeram. Você junta o movimento sindical, os empresários, junta os estudiosos, bota o governo, e vamos debater o que você faz para aprimorar e adequar a legislação à realidade histórica que você está vivendo.
A outra coisa é não permitir a reforma da Previdência que eles vão querer fazer a toque de caixa. A outra coisa é evitar um desmonte do que eles já fizeram. Já fizeram muito desmonte. Na Petrobras. E não permitir que vendam a Amazônia como estão vendendo. O que eu quero na verdade é conquistar o direito do povo brasileiro de revogar determinadas coisas. Um país não poderá abrir mão da sua soberania. Um país tem que consultar seu povo para decidir. E somente o povo daquele país é que pode decidir o que fazer com seu próprio país. Como pode um presidente que não foi eleito ficar entregando empresa, ficar entregando bloco do pré-sal, ficar entregando terra na Amazônia. Ficar entregando Alcântara para os americanos fazerem uma base.
É a vergonha elevada à quinta potência. Um país que é a oitava economia do mundo – no nosso governo era a sexta – permitir que os americanos venham fazer uma base em Alcântara. Uma base que começa com um experimento para não sei o quê espacial e daqui a pouco os americanos estarão dando ordem aqui, tentando controlar, como tentam controlar outros países.
É importante as pessoas saberem. Eu não vou mentir durante a campanha. Quem votar em mim vai votar sabendo o que vai acontecer. Eu vou pedir ao povo brasileiro – e por isso eu falei do referendo revogatório – para que a gente mude algumas coisas absurdas que foram feitas. E obviamente eu acho que o povo vai dar autorização porque o que eles estão fazendo é um estelionato. Estuprando a nossa democracia e a nossa soberania. Realmente isso me revolta.
Me revolta porque nós temos um território imenso. Nós temos uma fronteira, tanto marítima, como seca imensa. Nós temos um povo ávido para conquistar a democracia. Nós não vamos permitir que eles o Brasil desenvolvido. Essa é uma coisa que eu sonho, sabe? De propor um referendo revogatório.
E a outra coisa é a questão da democratização dos meios de comunicação. Este é um tema sempre muito delicado porque toda vez que você fala da imprensa aparece alguém e fala assim para você: “mas presidente, o senhor precisa conversar mais com a imprensa. Por que não chama a Globo para tomar um café ou para jantar? Por que não chama a Veja para um almoço, para jantar?”. Sabe? Eu acho que eu engordei de tanto conversar com eles. E não resolve, é uma questão ideológica.
Não quero censurar nada porque eu sou contra a censura. Quem tem que censurar a rádio é o ouvinte. Quem tem que censurar a televisão é o telespectador. Quem tem que censurar os jornais, sabe, é o leitor. E quem tem que censurar a internet é o internauta.
Ou seja, o que nós queremos é garantir a democratização. Que as pessoas também possam ter acesso aos meios de comunicação. Que a gente possa garantir o direito de resposta decentemente. Que a gente possa fazer com que as universidades tenham televisão. Que o sindicato tenha televisão. E que a gente possa efetivamente democratizar.
Eu não quero uma televisão como a de Cuba. Eu não quero uma televisão como a da China. Não quero uma regulação como a chinesa. Eu quero uma regulação que pode ser igual à inglesa, igual à alemã, igual a dos Estados Unidos. O que eu quero é que esse país tenha mais gente podendo ter acesso a ter um canal de televisão, e não ficar subordinado a nove famílias que detêm isso há meio século. É isso que eu quero fazer.
Nós tínhamos um projeto que era para dar entrada quando a Dilma tomou posse. Eu acho que ela também foi induzida, como eu, a que uma conversinha a mais resolve. Um café a mais resolve, um jantar a mais resolve. Não resolve.
Então, acho que é preciso fazer com que a sociedade discuta essa condição dos meios de comunicação porque um país deste tamanho tem que ter informações corretas. Se o dono de um jornal, um canal de televisão, um rádio quiser ter um pensamento políticos ele tem direito de ter um editorial de dez minutos, do tempo que ele quiser para falar o que pensa. Agora, quando for informação, quando for fato, nós queremos que ele seja verdadeiro, que não minta. É só isso. Não mintam. Não digam inverdades como eles costumam dizer todo santo dia.
Eu acho que eles na hora em que estiverem acessando o Nocaute vão ficar nervosos. Até dizem que “não podemos mais votar no Lula porque o Lula está ultraesquerdista”.
É importante lembrar, Fernando, que quando eu deixei a presidência da República, eu era quase que unanimidade. Eu tinha 87% de bom e ótimo, 10% de regular, que se somado, pode subir, e só tinha 3% de ruim e péssimo, que devia ser do comitê dos meus amigos tucanos.
Fernando Morais: O oposto do Michel Temer.
Lula: É verdade. Então hoje eles querem mostrar para a sociedade que aquele Lula paz e amor não existe mais. Agora é o Lula raivoso. Não existe o Lula raivoso. O Lula com 72 anos não tem mais o direito de ficar raivoso. Eu fico sim indignado com a falta de respeito, com o preconceito, com o ódio, ódio, porque chega a ser ódio.
Então, ninguém pode ficar nervoso porque as pessoas mais pobres da periferia estão chegando à universidade. Ninguém pode ficar nervoso porque o salário mínimo aumentou, porque a empregada doméstica tem seu trabalho regulado. Isso é bom. Isso é bom para o povo pobre, é bom para a classe média e é bom para o mais rico.
As pessoas terem acesso à universidade, à boa educação, é a única chance de este país ser competitivo. Ser competitivo do ponto de vista comercial, ser competitivo do ponto de vista intelectual, do ponto de vista político. Não existe na história da humanidade nenhum país que ficou rico, que cresceu, sem educação.
Então é este o crime que estamos cometendo? Permitir que as pessoas comam, que as pessoas recebam um salário, que as pessoas trabalhem, que as pessoas estudem? Então esse é o tipo de crime que estamos cometendo. Colocar mais gente na escola, melhorar a qualidade das escolas. Essas coisas todas nós vamos fazer e não tem radicalismo, não. Não tem radicalismo. Qualquer cristão do mundo faria isso.
Até o Henry Ford dizia isso: “Eu tenho que pagar bem meus trabalhadores para que eles possam comprar os produtos que eu fabrico. Então, eu estou mais indignado que eu estive da outra vez. Porque da outra vez eu não conhecia vocês, fiz muita relação com empresário, fiz relação com meios de comunicação, e eu percebi que o problema dessa gente não é ganhar ou não ganhar. É que democracia para eles é só se eles estiverem no governo ou estiverem um bate pau deles, como está o Temer agora, para fazer o que eles querem. Porque o mercado precisa. Eu não vou pedir voto para mercado, vou pedir para o povo. Vou para rua. Se por acaso o mercado estiver na rua, aproveita e vota em mim também. Porque acabou o tempo. Eu fico ouvindo o discurso deles. Eu lembro que na campanha de 2002, em 89, eu ia fazer passeata aqui na Paulista, ali no centro bancário, a bolsa de valores fechava as portas com medo do demônio. Depois eu ganhei as eleições, eles nunca tiveram… Antes de eu chegar na presidência, eles faziam 4 IPO. No meu governo fizeram 150. Essa gente tem medo de ganhar dinheiro honestamente. Nós vamos fazer eles ganharem dinheiro. Mas não vão ganhar dinheiro apenas especulando. É preciso que vocês pensem no Brasil. Eu vou querer discutir reforma tributária durante a campanha. Não vou deixar nada para fazer depois. Todo mundo que me conhece sabe que não tem conversa às escondidas.
Não acredito em mágica na economia. A economia tem duas palavras chaves. A primeira é a credibilidade de quem a faz. A segunda é previsibilidade para que o país não seja pego de surpresa. E a terceira, que para mim é a mais charmosa de todas, é que temos que ter dinheiro circulando na sociedade. Os mais pobres, os trabalhadores, os assalariados, eles têm que ter acesso a financiamento, a crédito. Quando eles têm acesso, ele não pega mil reais no banco para comprar dólar, ele pega para comprar arroz, feijão, carne, pão. E isso vai desenvolver a economia.
A gente tem que criar políticas de incentivo ao microempreendedorismo. As pessoas gostam de trabalhar por conta própria então temos que criar condições poderem trabalhar, criar seu próprio negócio. Estou com muitas ideias na cabeça e é isso que eu quero fazer. Não tem nada radical na minha vida, tudo é com muita calma e construção coletiva, e com muita participação da sociedade. É isso que eu vou fazer e tenho muita fé em Deus.
Fernando Morais: O senhor vai ter que ir atrás do pessoal
que enfiou a faca nas suas costas?
Lula: Uma coisa que precisamos fazer é parar de negociar cargos.
Cada partido político ser responsável pelo que ele tem.
Fernando Morais: No ano que vem, o senhor sendo candidato, o senhor vai ter que, obrigatoriamente, por causa da forma como o Brasil se organizou politicamente, o senhor vai ter que fazer alianças para governar. Para a esquerda, o espectro é muito pequeno, não dá para fazer maioria. O senhor vai ter que ir atrás do pessoal que enfiou a faca nas suas costas? Como vai ser isso?
Lula: Deixa eu te contar uma coisa para ficar claro para a sociedade brasileira. Eu já falei isso muitas vezes, mas vou repetir aqui porque você está inaugurando o estúdio. Primeira vez que eu venho aqui no Nocaute e dou entrevista, então é o seguinte. Primeiro, você vai ter que lidar com o povo do jeito que o povo é. O ideal num partido político seria que o partido pudesse disputar uma eleição sozinho, fazer maioria no Congresso, na Câmara e no Senado, e eleger o presidente da República. PMDB fez isso em 86 e não deu resultado. A segunda coisa mais ideal seria, não ganhando sozinho, você pudesse ganhar com os partidos aliados de esquerda. Pegar todo o bloco de esquerda e fazer maioria, fazer presidente, 26 governadores, todos os senadores e deputados. Também não é possível. A terceira coisa ideal é você fazer aliança programática com quem foi eleito.
Uma vez eu fui para Espanha conversar com Felipe Gonzalez, na campanha de 89, eu não esqueço nunca. Eu falava muito naquele tempo em democratizar as Forças Armadas. E aí o Felipe Gonzalez me fez a seguinte pergunta: como que você vai fazer para democratizar um general? Eu falei que tudo começava pela base, ensino fundamental, você tem que ir preparando, aí o cara vai pro ensino médio, para universidade…O cara falou: “ô, Lula, sabe o que acontece? Deixa eu te dar uma informação. O seu mandato é de 4 anos. Um general para ser formado precisa de 40 anos. Então não dá para você criar seu general democrático. Você vai ter que aprender a conviver com os que são generais quando você ganhar as eleições. Na aliança política é a mesma coisa. Quem disser que não vai fazer aliança política, não governa o país.
Eu pergunto o seguinte: Fernando Morais, candidato à presidência da República, marxista-leninista ortodoxo, eu não faço aliança com ninguém, PT é de direita, ganha as eleições. Fernando de Morais é eleito presidente da República, 5 deputados federais e 2 senadores. Tem 81 na casa de senadores de 513 deputados. Como você governa? Você vai ter que sentar, você pode fazer um acordo programático.
Uma coisa que precisamos fazer é parar de negociar cargo e cada partido político ser responsável pelo que ele tem. Porque se você fizesse um acordo com um partido qualquer e esse partido tivesse um ministério e autoridade para montar seu ministério, você vai montar o Ministério da Educação, ele é teu. Você vai escolher a equipe, é tua. Se der resultado, maravilha, o Brasil ganha. Se der errado, uma desgraça. O Brasil perde e você também.
O problema é que depois que você faz um acordo com os partidos, o que é memorável na democracia em qualquer lugar do mundo, menos nos EUA, que não acontece isso porque é muito rachado, republicanos e democratas. Mas na Alemanha você está lembrado? Antigamente, os cristãos não faziam acordo com a social democracia. Agora cabe qualquer um para Angela Merkel construir a maioria dela. Na França ele não precisou agora, mas ele vai ver quando começar a governar.
Eu acho que o que não dá é depois que você faz um acordo partidário, aí o cara fala: “Eu quero a chave do prédio. Eu quero o motorista não sei das quantas”, você vai banalizando a arte de um acordo partidário, que deve ser uma coisa certa, séria e importante para manter a governança de um país. Sempre trabalhando na expectativa de que você vai colher como resultado eleitoral o povo brasileiro votando em gente mais séria, mais comprometida.
Quando você é candidato, pedem declaração de renda, e tal, mas não tem nenhum mecanismo para você apurar se o cara vai ser ladrão depois que ganhar. Você faz um levantamento, o cara não tem antecedentes criminais, o cara pode ser candidato. Você não vai saber o que ele vai ser. Então esse é um assunto que eu quero discutir com o povo durante a campanha. Por isso que é importante você ter um programa com temas muito importantes para você dizer pro povo: olha, se você quer que isso aconteça no Brasil, você só pode votar em gente que pensa assim. Não pode votar em gente que você já sabe antecipadamente que é um vigarista na sua região. É preciso também cobrar do povo muita seriedade no processo eleitoral, porque esse Congresso que está aí é a parte da cara política do eleitor brasileiro no dia da eleição. Essas pessoas pediram e ganharam voto. Eu quero repartir com o povo a responsabilidade de que não é o presidente que vai resolver todos os problemas. A sociedade tem que ser coparticipante da elaboração desse projeto. Ela tem que ser a responsável pela eleição, pela fiscalização e eu diria pelo bom resultado que a gente tem no país.
Eu não esqueço nunca que fizemos 74 conferências nacionais no meu governo. Conferências que começavam no município, depois para o estado e aí a nível nacional. Discutíamos todos os temas. Eu lembro quando eu fui fazer conferência nacional LGBT, muita gente ligada a mim disse “não, presidente, o senhor não pode ir. E se alguém beijar o senhor na boca? E se um travesti beijar e se abraçar”. Eu falei “Gente, se eu estiver com medo disso, eu não mereço ser presidente”. Essa gente, qualquer que seja o comportamento sexual dele, paga imposto de renda e quando vota, ninguém recusa. Por que eu vou tratá-lo diferente? Vou ouvir o que eles têm a dizer. São cidadãos e cidadãs brasileiros. E foi um aprendizado e é por isso que hoje eu sou um defensor de que essas pessoas tenham total liberdade. Por isso que o PT criou um setorial LGBT. Vamos parar com o preconceito. Quem buzina carro alto não é negrão. Tá cheio de branco buzinando carro alto e jogando latinha de cerveja na rua limpa de São Paulo para que os mais humildes recolham. O preconceito é uma doença e eu quero extirpar essa doença do Brasil.
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