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TE IMPEDIRAM DE CANTAR CAETANO?, por Dr. James Walker Júnior

'Me sinto mal, sinto que não é um ambiente propriamente democrático', completou o músico baiano, que também citou o período da ditadura. (foto: TV Globo/Reprodução)


Sou muito fã do Caetano, mas o artista deveria entender que “alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial”.

Acontece, bom baiano, que quando apoiamos ideologias autoritárias, nos descolamos da posição de cidadãos, tornando-nos súditos, e com aquela sua postura, de apoio público ao exercício arbitrário de poder, você se lançou à condição de mero súdito, esquecendo-se “que Narciso acha feio o que não é espelho".

Mesmo “quem é ateu, e viu milagres como eu” deveria ter mais cuidado ao apoiar publicamente certas iniciativas, que para uns é exercício de mídia, para outros, um golpe publicitário de espetacularização do processo penal, tudo isso “enquanto os homens exercem seus podres poderes”.

Quando um artista da sua grandeza apoia publicamente pessoas autoritárias, apenas faz reafirmar “a incompetência da América católica que sempre precisará de ridículos tiranos”.

Te impediram de cantar, e agora, diante dessa violência, você sabe do que eles são capazes.

Se ousar o enfrentamento você verá que para uns, eles lançam mão de prisão preventiva e condução, mas se for preciso, “cada paisano e cada capataz, com sua burrice fará jorrar sangue demais, nos pantanais, nas cidades Caatingas e nos gerais”

É Caetano, são as escolhas da vida!!

Não se esqueça que naturalizar a arrogância e o autoritarismo, em apoio público, mais cedo ou mais tarde legitimará a violência contra todos, pois como você mesmo assinalou: “Enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome de raiva e de sede, são tantas vezes gestos naturais”.

Caetano, nesta quadra, onde tudo se faz em nome do combate à corrupção, até mesmo descumprir a lei e a própria constituição, mas sempre em nome da “régua moral” daquele combate, os mais caros valores democráticos estão em perigo.

É disso que falamos diariamente, da defesa democrática, do estado democrático, pois “quando a gente gosta, é claro que a gente cuida”.

É por isso que lutamos sem trégua, para que não pereça a própria democracia, que deveria te permitir cantar livremente.

Amamos a liberdade democrática, una-se a nós, venha defender o cumprimento das regras, algo que está para muito além da obstinação messiânica do combate à corrupção.

Não te julgo Caetano, ao revés, te convido.

Afirme ao mundo que aquele apoio foi como um equívoco, nada mais que isso.



Diga ao Exmo. Juiz da foto a verdade sobre seu apoio:

“Nosso amor não deu certo  
Gargalhadas e lágrimas 
De perto fomos quase nada 
Tipo de amor que não pode dar certo Na luz da manhã 
E desperdiçamos os blues do Djavan”.

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