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"Estou arrasada. Passei quatro anos caçando Roger Abdelmassih", lamenta vítima


Vana Lopes Reprodução


Vana Lopes diz que ex-médico condenado por dezenas de estupros, que faz 74 anos amanhã, ganhou prisão domiciliar de "presente de aniversário".


"Eu perdi a esperança na Justiça brasileira, mas não perdi a esperança na Justiça. Porque, se não, vira aquilo de 'olho por olho, dente por dente'". De Portugal, onde vive hoje, a estilista Vana Lopes acompanha todos os desdobramentos do vai-e-vem judicial do ex-médico ginecologista Roger Abdelmassih.

Ele foi condenado a 181 anos de prisão pelo estupro de pelo menos 37 pacientes, entre os anos de 1995 e 2008. Outras dezenas de mulheres não puderam entrar nesse processo porque os crimes estavam prescritos. Na última sexta, Abdelmassih recebeu um habeas corpus do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski e poderá cumprir a pena em casa.

Vana foi uma das primeiras a denunciar o médico. E, quando ele fugiu para o Paraguai, com a mulher, a ex-procuradora da República Larissa Sacco, Vana e outras vítimas do médico — que tinha uma das maiores clínicas de fertilização do Brasil — não descansaram até conseguir localiza-lo. Ele foi capturado em 2014.

"Estou arrasada. É uma sensação de derrota. Quatro anos eu lutei caçando ele. E, agora, tem esse veredicto. Não tem mais jeito", disse ela em entrevista o BuzzFeed News.

"Nós somos dezenas de vítimas, mas, o Vítimas Unidas tem mais de 160 mil pessoas, vítimas de estupros, pedofilia e muitos outros crimes. As pessoas ficaram desesperadas porque essa tinha sido uma prisão exemplar. Agora, as pessoas ficarão desestimuladas a denunciar, a lutar por justiça", continuou Vana.

Roger Abdelmassih
Secretaria Nacional De Antidrogas do Paraguai


Preso em Tremembé, no interior paulista, Roger Abdelmassih deve voltar para seu apartamento em São Paulo ainda nesta segunda-feira. De acordo com seu advogado, Antonio Celso Fraga, ele apenas aguarda a assinatura de uma juíza de Taubaté para o alvará de soltura. A decisão de Lewandowski, tomada na sexta-feira, tem caráter definitivo, diz o advogado.

Para Vana, é o fim da linha. "Estão manchando o instituto do habeas corpus para soltar um bandido. Amanhã, Roger faz aniversário, 74 anos. Vai passar o aniversário em casa; é um belo presente que deram para ele. O meu desejo era mandar uma coroa de flores em que estivesse escrito: aqui jaz a Justiça."

Vana conta que não foi vítima apenas de estupros por parte do ex-médico quando se submeteu a um tratamento para engravidar. O médico teria desaparecido com dez de seus óvulos. "Isso atormenta a mim e a outras mulheres o tempo todo. Tenho dez embriões, tenho as provas, e tenho certeza de que ele comercializou. Havia várias mulheres, e isso é fácil de comprovar, que não ovulavam, mas saíam da clínica grávidas."

A estilista afirmou que o grupo de vítimas ingressou no ano passado com uma representação na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos). E disse confiar agora apenas na Justiça Internacional.

Segundo o advogado do caso, Martim Sampaio, a representação está em fase de admissibilidade na comissão da OEA. A representação acusa o Estado brasileiro de violação de direitos humanos pela demora em condenar Abdelmassih e de omissão. Também cobra uma regulação de direitos reprodutivos.


Vana na campanha "Somos todos vítimas"
Reprodução


"Dizem que Roger está deprimido e magro. Está assim porque está preso. Muitos outros presos passam por isso. Ele está deprimido diante da vida maravilhosa que ele levava no Paraguai [quando estava foragido]."

Fonte: buzzfeed

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