247 - O juiz Vallisney de Souza Oliveira, de Brasília, marcou para 30 de outubro um novo depoimento do ex-presidente Lula e de seu filho Luiz Cláudio, em ação derivada da Operação Zelotes. A decisão veio no dia seguinte a uma cobrança do jornal Folha de S. Paulo sobre o andamento dos processos a que o ex-presidente responde na Justiça de Brasília, que andariam mais lentamente do que os que tramitam em Curitiba, sob a batuta do juiz Sérgio Moro. A Folha parece ter pressa em ver o ex-presidente condenado e excluído do processo sucessório de 2018. Só isso explica a preocupação com o calendário da Justiça, que supostamente obedece a uma dinâmica própria e não às conveniências do noticiário.
Na sexta-feira, 13, a Folha publicou matéria com o título “Processos de Lula no Distrito Federal andam em ritmo lento”, assinada pelo repórter Felipe Bachtold, que diz: “Enquanto na Lava Jato paranaense o ex-presidente Lula já está com uma apelação em trâmite na segunda instância, na Justiça Federal de Brasília, onde está a maioria dos processos do petista, o ritmo é muito mais lento e não dá sinais de desfecho de seus casos tão cedo. Neste mês, um dos processos em que o ex-presidente é réu no DF completa um ano de tramitação, e ele ainda não foi ouvido. Em comparação, em um dos três casos do petista com Sergio Moro, a respeito da Odebrecht, a Justiça ouviu mais de 60 depoimentos de testemunhas de defesa de maio a julho –a audiência com o réu ocorreu em setembro.” E por aí vai, na comparação positiva para Moro, sublinhando a morosidade de seus colegas de Brasília.
Foi o que bastou para o juiz Vallisney marcar para o dia 30 o depoimento de Lula e de seu filho na ação em que o ex-presidente é acusado pelo Ministério Público Federal de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa, em suposto direcionamento da licitação para a compra dos aviões caça da Aeronáutica, vencida pela fabricante sueca Saab. A defesa de Lula afirma que testemunhas convocadas pela acusação já derrubaram a denúncia sobre o assunto. O ex-presidente FHC, arrolado como testemunha de defesa, declarou que o modelo Grippen, da fabricante sueca, era o preferido da Aeronáutica desde seu governo. Lula arrolou também como testemunhas de defesa os ex-presidentes franceses Nicolás Sarkozy e Francois Hollande, que muito se empenharam a favor de fabricantes da França mas não levantaram quaisquer dúvidas sobre o resultado da licitação. Eles ainda não foram ouvidos e devem falar por videoconferência ou precatório.
Lula é réu em sete ações penais, sendo três em Curitiba e quatro em Brasília. Em sua matéria, a Folha diz ter questionado a 10ª. Vara Federal do Distrito Federal, onde as ações tramitam, bem como o Ministério Público Federal, não obtendo resposta. O Juiz Vallisney, entretanto, respondeu prontamente com o despacho, marcando o depoimento para o dia 30. Pedir pressa nos processos de Lula faz parte da caçada. Ele precisa estar inelegível antes de agosto do ano que vem.
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