ELEGÂNCIA, por James Walker

Esse substantivo feminino, que está para muito além daquilo que você veste, pois a elegância deve integrar a própria personalidade do indivíduo.

O deselegante não carrega consigo os atributos que contornam a leveza, a harmonia e o garbo do elegante.

Hoje não falarei do direito, pois há tantos mestres meus se pronunciando sobre a condenação do ex-presidente da república Luís Inácio, que prefiro sorver lições, ao invés de tentar competir em análise menos densa.

Mas a elegância das análises dos mestres que se manifestaram sobre aquela decisão não está em questão, ao contrário, refiro-me à absoluta deselegância de pessoas com formação acadêmica, que tripudiam a desgraça alheia, comemoram o mal e se apresentam na desairosa posição do perverso.

Tive a infelicidade de ler comentários, inclusive, de pessoas que festejavam a "coincidência" da condenação somar 9 anos de prisão, em referência ao fato do ex-presidente contar com 9 dedos nas mãos, por força da vitimização em acidente, quando trabalhava em uma singela função.

A seletividade emocional de pessoas próximas, com formação suficiente para assumirem posturas mais elevadas, faz-me sentir confuso.

Qual o senso de humanidade dos que me cercam?
Quais os requisitos que alguém deve possuir para contar com o seu respeito e solidariedade.

Nem me venham com o argumento de que você acha que " o Lula é ladrão".

Primeiro porque isso não justifica, absolutamente, as análises e comentários perversos e desumanos.

Segundo porque, de perto, todos nós já delinquimos, ao menos uma vez, com maior ou menor intensidade, mas o ditado diz: " meu filho tem opção sexual por alguém do mesmo sexo, já o filho do outro é viado mesmo".

Queria que muita gente se olhasse no espelho e fizesse seu próprio julgamento, sem pudor e com o mesmo ódio e impiedade com que tem se habituado a julgar o outro.

Algum tempo atrás, numa interessante campanha das redes sociais, incontáveis pessoas admitiram algum tipo de ilicitude praticada em determinado momento de suas vidas.

Evidente que ninguém esgotou as possibilidades ou abriu publicamente seu repertório de pecados, mas o fato é que, de perto, somos todos pecadores.

A diferença está nos "padres seletivistas de plantão", que absolvem e condenam as ovelhas de acordo com a posição de conveniência de suas próprias vidas, para manutenção de seus status.

Eu reitero manifestações anteriores, de que não sou Petista, mas sou um profissional que revisita permanentemente os princípios e garantias constitucionais, para jamais esquecer que é a constituição federal, e não a vontade de vingança, que deve nortear o sistema de justiça criminal do Brasil.

Sejamos elegantes com os amigos, mas, sobretudo, com os inimigos, para que eles saibam que foram derrotados por alguém de nível completamente distinto.

*James Walker Jr é advogado criminalista, presidente do IBC Instituto Brasileiro de Compliance, presidente da Comissão de Anticorrupção e Compliance da OAB-Barra RJ, presidente da ABRACRIM-RJ Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas, especialista em Compliance pela Fordham University - NY e pela Universidade de Coimbra, doutorando em Ciências Jurídicas pela UAL Universidade Autônoma de Lisboa. 

James Walker