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Rogério Correia, sobre a impunidade do presidente do PSDB: “Doutor Janot, está na hora do Aécio ser comido”


Doutor Janot, como bem sabe, o deputado Rogério Correia já cumpriu o papel dele. Quando o senhor cumprirá o seu?  Aécio Neves e seus homens de confiança –da direita para a esquerda,”Oswaldinho”, Anastasia e Dimas Toledo — aparecem nas delações da Odebrecht ao TSE
por Conceição Lemes
VIOMUNDO - O tucano Aécio Neves completa 57 anos na próxima sexta-feira, 10 de março.
Ele foi duas vezes deputado federal  (1987-2002) e duas vezes governador de Minas Gerais (2003-2010).
Atualmente é senador por Minas e presidente nacional do PSDB.
A lista de denúncias contra ele pessoalmente e ao seu governo é imensa. Dela constam, entre outras:
* Compra de votos de 50 deputados para a eleição a presidente da Câmara dos Deputados (2000-2001)
* Rádio Arco-Íris
* Aplicação de verbas públicas em empresas da família
* Suspeitas de ocultação de patrimônio e sonegação fiscal
* Banjet
* Venda de bandeja da Cemig à Andrade Gutierrez
* Lista de Furnas
* Mensalão tucano
* Maquiagem de dados à CPI dos Correios para evitar que Banco Rural fosse ligado a mensalão tucano
* Prisão do jornalista Marco Aurélio Carone
* Prisão do lobista Nílton Monteiro
*Tentativa de cassação de Rogério Correia
* Aeroportos de Cláudio e Montezuma
* Uso indevido de aeronaves oficiais do Governo de Minas Gerais, por amigos e celebridades
* Cidade Administrativa
* Mineirão
* Censura à mídia e a conteúdos na internet
* Lava Jato
Aécio segue firme na disputa pelo posto de o mais mencionado nas delações feitas à força-tarefa da Operação Lava Jato.
Já foi citado pelos delatores:
*Alberto Youssef, doleiro
*Carlos Alexandre de Souza Rocha, o “Ceará”, entregador de dinheiro de Yousseff
*Fernando Moura, lobista
*Delcídio do Amaral, ex-senador
*Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS
*Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez
*Cláudio Mello Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht; revelou que Aécio era o “Mineirinho” nas planilhas da empresa.
Nessa semana, em depoimentos ao ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dois nomes de peso, também delatores da Lava Jato, engrossaram esse time:
*Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira e herdeiro do grupo
*Benedicto Júnior, conhecido como BJ, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura.
Os depoimentos de ambos fazem parte da ação de investigação judicial eleitoral aberta no TSE contra a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer por suspeita de abuso de poder econômico na campanha de 2014.
O processo no TSE foi movido pelo PSDB, derrotado na eleição presidencial de 2014, com o próprio Aécio como candidato.
Na quarta-feira (01/03), Marcelo, ex-presidente do Grupo Odebrecht, disse que Aécio lhe pediu R$ 15 milhões no primeiro turno da eleição de 2014.
Segundo o que foi vazado, Marcelo teria recusado, alegando que o valor era muito alto.
Aécio pediu então que o repasse fosse feito a seus “aliados políticos”.
Sérgio Neves é ex-diretor da Odebrecht em Minas Gerais. Faz parte do grupo de 77 funcionários da empresa que assinou acordo de delação com a Lava Jato.
Oswaldo Borges da Costa é o Oswaldinho do Aécio.
Ele é apontado como operador e tesoureiro informal das campanhas de Aécio entre 2002 e 2014.
Segundo  a delação do empreteiro Léo Pinheiro, Oswaldo Borges da Costa é o “controlador das contas das empresas” de Aécio.
Na quinta-feira (02/03), Benedicto Júnior complicou a situação do senador tucano.
Disse que, a pedido de Aécio, a empreiteira baiana doou, em 2014, R$ 9 milhões, via caixa 2, para campanhas eleitorais do PSDB e PP.
Deu no Estadão:
Benedicto relatou que R$ 6 milhões foram repassados para Antonio Anastasia (PSDB) – que foi eleito senador em 2014 –, para o ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB) – que concorreu ao governo de Minas – e Dimas Fabiano Toledo Júnior (PP) – eleito deputado federal e filho do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo. Os outros R$ 3 milhões, ainda segundo o ex-presidente da Construtora Odebrecht, foram pagos ao publicitário Paulo Vasconcelos, marqueteiro de Aécio na campanha presidencial.
O ex-executivo da Odebrecht – conhecido na empreiteira como BJ – não pôde dar mais detalhes. Ele foi advertido pelo ministro de que as doações ao PSDB são objeto estranho à investigação. Benedicto disse que não tinha ciência de doações à campanha nacional, pois cuidava apenas de doações estaduais.
Folha detalhou um pouco mais a proibição do ministro Herman Benjamin a Benedicto Júnior:
O ex-executivo da Odebrecht não pôde detalhar a acusação de caixa dois para Aécio porque foi interrompido pelo ministro Herman Benjamin, relator do processo no TSE. Segundo o ministro, os detalhes da doação a pedido do tucano não são pertinentes ao caso, que investiga apenas a chapa Dilma-Temer, apesar de terem, de acordo com ele, “relevância histórica”.
O deputado estadual Rogério Correia, do PT de Minas, é uma pedra persistente no sapato de Aécio Neves há 14 anos.
Em 26 de junho de 2016, após Leo Pinheiro delatar que o Oswaldinho do Aécio teria recebido 3% de propina nas obras da Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, Rogério Correia desabafouem sua página no Facebook:
 “Aécio está em toda denúncia de corrupção. Avisei e denunciei às autoridades desde o início. Por que só após o impeachment saem notícias?” 
Em 17 de abril, vale relembrar, a Câmara dos Deputados autorizara o Senado a abrir o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. Em 12 de maio, Senado aprovara a admissibilidade e abriu o processo, consumando-se o golpe em 31 de agosto.
Logo, à época do desabafo de Rogério Correia, o golpe estava em pleno andamento e a denúncia talvez tenha sido divulgada para fazer de conta que o pau que bate em Chico, bate em Francisco também.
Afinal, seja por afinidades ideológicas, compra de espaço publicitário ou censura, Aécio, como os tucanos em geral, sempre foi blindado pela grande mídia. Assim como continuamente contou com a boa vontade do Judiciário amigo.
Mas, e agora?
Voltamos a falar com o deputado sobre a situação de Aécio.
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Viomundo – Benedicto Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, disse na quinta-feira passada que a empreiteira doou R$ 9 milhões, via caixa 2, para campanhas eleitorais do PSDB e PP, em 2014, a pedido do próprio Aécio. O que significa essa delação?

Rogério Correia – Uma facada mortal na jugular do Aécio.
Bem que o ministro Herman Benjamin, que persegue o governador Fernando Pimentel, tentou proteger o Aecinho, impedindo o segundo homem da Odebrecht de detalhar as doações ao presidente nacional do PSDB. Mas está ficando impossível blindá-lo. Acho que não tem mais escapatória.
Viomundo – Mas, considerando o histórico de blindagem de Aécio pelo Judiciário e mídia, sempre é possível uma escapatória…
Rogério Correia – Acho que agora a blindagem trincou.
Como você bem sabe, há todo aquele histórico de denúncias contra o Aécio. Só o caso da Lista de Furnas, que para o juiz Sérgio Moro não vem ao caso, já seria suficiente o Janot [Rodrigo Janot, procurador-geral da Justiça]  ter feito o que o seu antecessor [Roberto Gurgel] se negou a fazer: abrir um inquérito contra o Aécio e puni-lo. Mas as coisas só estão se agravando para ele.
Viomundo – Benedicto Júnior disse que dos R$ 9 milhões, R$ 6 milhões foram repassados a Anastasia, Pimenta da Veiga e Dimas Fabiano Toledo Júnior, filho de Dimas Toledo, ex-presidente de Furnas. O que acha de Aécio escolher justamente o filho do Dimas Toledo para repassar recursos da Odebrecht?
Rogério Correia – É uma confissão.
Veja bem. O Dimas Fabiano, como é conhecido o filho do Dimas Toledo, é um parlamentar sem expressão. Testemunhei isso na Assembleia Legislativa de Minas, quando ele foi deputado estadual pelo PP. E, tudo indica, mantém a “marca registrada” na Câmara, para o qual foi eleito em 2014 com o apoio do Aécio e da Odebrecht.
Logo, Aécio pedir recursos para um deputado com esse perfil, das duas, uma: ou é muita gratidão ao ex-diretor de Furnas ou está sendo chantageado por ele.
Dimas é o autor da lista de Furnas, o esquema que sustentou a campanha eleitoral dos tucanos de 2002. “Aécio amealhou R$ 5,5 milhões apenas para ele. Nas provas, também tem o dinheiro que foi para José Serra e para Alckmin
Viomundo – E a inclusão do Anastasia nesse pacote?
Rogério Correia – Anastasia sempre foi um fantoche na mão do Aécio.  Não tem vida própria.
Viomundo – Só que Anastasia foi relator do golpe contra a Dilma. Além disso, foi denunciado como um dos políticos beneficiários do esquema de corrupção da Petrobras e o Janot arquivou o pedido de investigação. E agora?
Rogério Correia- De fato, o Janot sepultou a investigação. Portanto, as denúncias feitas contra o senador Anastasia têm que ser retomadas.
Viomundo – Mas implicaria Janot voltar atrás. Acredita nisso?
Rogério Correia – É o que se espera.
Viomundo – E o golpe contra Dilma, como fica? Afinal, o fato de Anastasia ter recebido do caixa 2 da Odebrecht, a pedido de Aécio, e depois ter sido escolhido como relator do golpe, graças também a Aécio, joga ainda mais lama no golpe.
Rogério Correia – Mais uma demonstração cabal de que foi golpe.
Viomundo – O que Janot fará com o Aécio?
Rogério Correia – Tal qual o Gurgel e o Joaquim Barbosa, a seletividade do Janot, aliviando para os tucanos, sempre foi gritante.
Só que a situação está insustentável. Imagino que a saída do Janot será entregar a cabeça do Aécio na bandeja, para tentar uma saída rápida para Temer e o seu governo, atolados até o pescoço em corrupção. Não dá mais para esconder isso.
Cada vez está mais claro que uma quadrilha – na qual se inclui o PSDB — tomou o poder.
No ano passado, numa conversa com o Sérgio Machado, o Jucá [senador Romero Jucá, PMDB/RR], afirmou que havia “caído a ficha” de líderes do PSDB sobre o potencial de danos da Operação Lava Jato sobre vários partidos. Aí, ele disse: “O primeiro a ser comido será o Aécio. Quem não conhece o esquema do Aécio?”
Pois, doutor Janot, já está na hora de o senador Aécio ser comido. Não dá mais para esconder. Aliás, já passou da hora de Aécio e Anastasia serem investigados e punidos.
Viomundo — Uma última pergunta. Nos depoimentos de Marcelo Odebrecht e Benedicto Júnior ao TSE apareceram os nomes do Oswaldinho, Dimas Toledo e Anastasia. Coincidência? 
Rogério Correia — Não. Por uma razão: são os homens realmente de confiança do senador Aécio Neves.



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