Brasília 247 - O ex-presidente Lula depõe na manhã desta terça-feira como réu na Justiça Federal de Brasília no âmbito da Operação Lava Jato. Ele é acusado, com base na delação premiada do senador cassado Delcídio Amaral, de participar de um esquema para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Pela primeira vez ouvido como réu, Lula diz que mal conhecia Cerveró e que por isso não tinha interesses em indicá-lo na Petrobras. "Eu não o conhecia. Só agora ele ficou famoso. Eu só vi ele em reuniões. Portanto, não tinha nenhum interesse de indicá-lo", disse.
Segundo Lula, sua relação com Delcídio "sempre foi institucional". "Só tem um brasileiro que pode ter medo de uma delação do Cerveró. Era o Delcídio. Ele sim era próximo dele. Eu nunca fui próximo do Cerveró. Depois de presos há alguns dias, as pessoas começam a procurar um jeito de sair da cadeia. Acho que isso que aconteceu com o Delcídio", sugeriu.
Ainda sobre indicações à Petrobras, declarou: "Eu não definia cargos na Petrobras. O presidente não indica, só recomenda ao conselho da empresa a partir da capacidade técnica das pessoas". "A Petrobras é uma empresa de engenharia muito poderosa e você não pode indicar gente não qualificada", completou.
Lula negou já ter pedido recursos a empresários. "Eu duvido que há um empresário que vai dizer que eu pedi 10 centavos para ele. Não porque sou melhor que os outros. É que eu sabia que não podia errar. Eu não", afirmou.
O ex-presidente indicou que há incentivo para que seu nome seja citado em delações premiadas. "Acho que tem alguém instigando a falar meu nome. Fico sabendo disso. Depois de fazer a bobagem que fez, tinha que jogar nas costas de alguém", disse.
Lula falou em seguida da campanha movida contra ele pela grande imprensa e pela própria Lava Jato, que segundo ele, não tem provas, só convicções. "Em nome da liberdade de imprensa, ninguém pode avacalhar a vida dos outros", ressaltou. "Eu não sou contra a Lava Jato. Sou contra execrar as pessoas pela imprensa", acrescentou.
"Juiz, delegado, procurador não devem ficar fazendo pirotecnia com a vida das pessoas. Provem, condenem e ponham na cadeia. Fazer isso não dá", criticou. O ex-presidente afirmou estar "cansado de ouvir procurador falando que não tem prova. Só tem convicção".
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