Da redação em 13.03.2017 às 22:33
O jogador Bruno chega hoje à cidade de Varginha - MG, com a finalidade de se apresentar amanhã no Boa Esporte Clube e possivelmente assinar o contrato com o referido time mineiro. Muitas pessoas, inclusive a imprensa, já se aglomeram em frente ao hotel, aguardando a chegada do jogador.
Essa não é uma boa notícia para o povo varginhense, quiçá para grande parte da sociedade Brasil afora. Há quem não aprove a volta do goleiro ao futebol, motivos não faltam.
O que preocupa e causa indignação em parte da sociedade e principalmente as mulheres, não é o fato de o goleiro ser reinserido no contexto social tendo o legítimo direito de trabalhar e usufruir de tudo que a Constituição lhe assegura, mas, o fato de voltar a antiga profissão como goleiro, pois esta por si só e naturalmente, fará do referido jogador um ídolo de crianças, jovens e adultos cada vez que ele atuar em campo e até fora dele, impedindo que seus times adversários marquem um gol. A cada gesto desse, o goleiro Bruno será idolatrado, se tornará um herói para muitos enquanto que o assassinato de uma mulher, cometido covardemente e com requintes de crueldade, será cada vez mais esquecido e tratado como se fosse algo irrelevante e sem nenhuma importância. Isso causa temor e tremor diga-se de passagem, pois o assassinato de uma mulher não pode ser tratado como a morte de uma barata em um mundo onde a cada dia cresce a estatística de violência contra a mulher, tendo em alta o assassinato e o feminicídio cujos níveis alarmantes tem assombrado a todos, principalmente as principais vítimas deste tipo de violência: as mulheres.
Para grande parte da sociedade, ovacionar Bruno em partidas de futebol é o mesmo que afirmar para as nossas crianças, adolescentes e jovens, que assassinar uma mulher é algo normal, afinal, Eliza Samúdio foi assassinada, esquartejada, teve partes de seu corpo jogadas para que cães devorassem suas carnes, seu cadáver foi ocultado, no entanto quem pôs fim a sua precoce vida é reverenciado e idolatrado por milhares de fãs, que sequer, querem saber da estupidez do ato e a situação da vítima, nem da dor da família e amigos. Isso seria o mesmo que de certa forma, talvez não incentivar, mas mostrar que “se pode matar” mulheres sem maiores problemas. Vergonhoso.
Discordamos de muitos pontos da Lei, sugestionamos muito também, e o caso do Goleiro Bruno Fernandes de Souza nos leva a refletir até onde é coerente, Bruno voltar a exercer a profissão de goleiro.
"Ressocializar Bruno" talvez nem seja o termo correto, já que este não cometeu crime por questões sociais, não veio de uma situação de vulnerabilidade, não era pouco instruído, ao contrário, contava com o apoio de comparsas, vivia no luxo, com fama e prestígio. Porém, ainda que se insista nessa "ressocialização" essa não pode e nem deve ser algo que induza as pessoas a entenderem um crime hediondo como algo banal, sem importância. Quando um profissional sofre qualquer limitação que o impede de atuar em sua profissão, é reabilitado para desempenhar outra, assim deve ser com criminosos que cometem crimes como o que Bruno praticou, devem ser reabilitados para que desempenhem outra atividade, jamais atuar em profissões que os levem ao ápice da idolatria por fãs e admiradores, banalizando a gravidade de seus crimes.
Mulheres que se posicionam contra a contratação de Bruno, vem sofrendo ameaças de morte por parte de fãs internautas, por essa razão preferem não se identificarem. Algumas já procuraram a polícia e fizeram Boletim de Ocorrência.
Disse uma mulher sobre a contratação do goleiro: “É varrer pra debaixo do tapete toda a violência e transformar um agressor em ídolo, não por acreditar em qualquer função ressocializadora do trabalho, mas para angariar visibilidade pra um pequeno clube do interior em cima de uma tragédia.”
Outra mulher disse: “O foco é que o clube usou um caso de feminicídio, que gerou comoção nacional como trampolim midiático. Uma vez que, nitidamente, é isso que a contratação representa.”
E mais outra disse: “Somos a favor da inclusão social, da reintegração das pessoas na sociedade, mas que seja de uma maneira igual para todos. Que seja tanto para o rico quanto para o pobre"
A sociedade exige postura diferente da justiça, inclusive dos supostos e pretensos empregadores do futebol brasileiro quanto a este fato lamentável e exige mais ainda uma postura ética de todos aqueles que patrocinam esses ditos empregadores para manterem em seus quadros alguém cujas manifestações de repúdio nas redes sociais e nos movimentos populares demonstram não ser espelho e nem exemplo para ninguém.
Campanhas de boicote às empresas patrocinadoras do Boa Esporte Clube vem acontecendo nas redes sociais, bem como, aplausos às empresas que cortaram patrocínio.
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