A entrevista de Jair Bolsonaro à Folha, hoje, mostra mais que um sujeito medíocre, violento, intolerante e autoritário.
Mostra que a grande máquina de construir comportamentos sociais, a mídia, construiu uma base social para que um energúmeno como ele seja uma das únicas representações do reacionarismo ganhe força eleitoral.
A outra, João Dória, tem muito de fogo de palha, embora se esforce para manter um discurso de ódio e confrontações e completa inaptidão para sustentar qualquer projeto que passe do ridículo de administrar com doações empresariais.
Bolsonaro, ao contrário, tem um projeto com raízes na memória que chama a ordem como indutor do bem-estar.
Das trevas do ódio, sabe-se, acabam surgindo monstros. Mais ainda quando a “democracia” ganha ares de regime da crise, do empobrecimento e da abolição de um projeto nacional de desenvolvimento.
É assim desde antes da famosa cervejaria da Baviera.
Foi aqui, quando da redemocratização nasceu a desastrosa era Sarney e sua consequência, o fenômeno Collor.
Bolsonaro ainda não tem – possivelmente não terá – a mesma expressão eleitoral, mas fica claro a cada dia que ela cresce e vai se impondo sobre a direita política convencional, que não percebeu que sua adesão ao golpismo entregou-a à mesma sanha raivosa e moralista com que, na falta de argumentos econômicos, virou sua arma contra a direita.
Ele vai se tornando, crescentemente, um problema para o sistema, não porque “divida” seu eleitorado, que afinal migraria para seu candidato num segundo turno.
Mas porque ameaça tirar dela o direito de fazer este segundo turno, a não ser que se atire definitivamente ao segundo golpe que seria o impedimento da candidatura Lula.
Sobre o show de horrores da entrevista, na íntegra aqui, basta um pequeno trecho. E não ache que isso seja uma impossibilidade: afinal, boa parte disso já foi ensaiado (e aplaudido) em Curitiba:
O senhor diz que não defende tortura, mas acusa de vitimização quem a condena.
Quando disse “isso que dá torturar e não matar”, foi uma resposta para os vagabundos aqui que estavam se vitimizando que foram torturados pelos militares. Ninguém é favorável à tortura.
E a métodos de violência para obter informação?
Tem de ter métodos enérgicos. Eu proponho, o Congresso aprova. Ninguém é candidato para ser ditador.
O que é método enérgico?
Tratar o elemento com a devida energia.
Bater?
Qual o limite entre bater e tratar com energia? Não tem limite, pô. O cara senta ali, faz a pergunta, ele responde. Se não responde, bota na solitária. Fica uma semana, duas semanas, três meses, quatro meses… Problema dele.
Com comida?
Dá comidinha para ele, dá. Dá um negocinho para ele tomar lá, um pãozinho, uma água gelada, um brochante na Coca-Cola, tá tranquilo.
O que é brochante?
Calmante, um “boa-noite, Cinderela”.
Fonte: tijolaco
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