247 - O jornal Valor Econômico, das Organizações Globo, publicou aquilo que já era óbvio: o PMDB vem tentando de todas as maneiras se blindar contra a Lava Jato. "Coincidência ou não, a escolha do senador Édison Lobão (PMDB-MA) para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) segue rigorosamente o roteiro das gravações feitas pelo ex-senador Sérgio Machado, como parte de um acordo de delação premiada com a Justiça Federal em Curitiba. Nos áudios, líderes do PMDB são flagrados tecendo uma trama para abafar a Operação Lava-Jato. (...) Lobão não foi gravado por Machado, mas entra no enredo como representante do ex-presidente e ex-senador José Sarney, que tem papel central nas gravações. Renan Calheiros, defensor de mudanças na lei para conter o poder dos procuradores, agora é o líder do PMDB, a maior bancada do Senado. A CCJ decide se um projeto deve ou não tramitar".
"Renan na liderança da maior bancada, os 21 senadores do PMDB, Lobão na presidência da CCJ, que dá a partida à tramitação das leis no Senado, outro senador no script de Machado ganhou mais poder desde as gravações: Romero Jucá (RR), que após a destituição de Dilma foi ministro do Planejamento nos primeiros dias do governo Michel Temer e caiu justamente pode ser ouvido nos áudios dizendo que era preciso "estancar a sangria" da Lava-Jato.
Jucá não é mais ministro, mas continua com influência no Planejamento e virou líder do governo no Congresso, o líder que vai encaminhar a favor da aprovação do nome do ministro licenciado da Justiça, Alexandre Moraes, para a vaga de Teori Zavascki.
No enredo traçado pelas gravações de áudio, Sérgio Machado sugere a Sarney que o PMDB deve se aproximar de Teori Zavascki, então o relator da Lava-Jato. Sarney responde que o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Cesar Asfor Rocha poderia ser procurado, pois era muito próximo de Teori. "Tem total acesso ao Teori".
Em outra gravação, em conversa na qual estava presente também Renan Calheiros, o ex-presidente diz que o atual líder do PMDB fizera "uma lembrança que pode substituir o César", um prestigiado advogado de Brasília. Renan adverte que deveria ser "uma coisa confidencial", para ficar apenas entre os três.
Ouvidos hoje, os áudios de Machado parecem dispensar a clássica advertência de que qualquer semelhança com fatos da vida real seria mera coincidência. Mas um delator da Lava-Jato avisou recentemente os investigadores de Curitiba: eles precisavam se preparar para lidar com os verdadeiros profissionais da política. Perto do PMDB, a turma de Dilma era fichinha."
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