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Os dias em que ficamos menores


Eu mal tinha completado 18 anos, misturado com um bando de meninas e meninas que, em geral, tínhamos idade bem mais gentil do que esta que já nos castiga as juntas, hoje.
Vivíamos numa ditadura, embora, em 1977,  já havia passado tempo suficiente para que soubéssemos que não era prudente a chamar assim.
Mal correram os dias de euforia e trotes – nada desta miséria humilhante que vemos agora – veio o “Pacote de Abril”.
Como já passou o tempo, vale lembrar: o general Ernesto Geisel suspendeu as atividades do Congresso e passou a legislar apenas por Decretos-Lei, porque a lei era mesmo o que se decretava que ela era.
Dou um doce se alguém for capaz de recordar de alguma reação do STF ao atropelo de Poder sobre Poder.
Só ali, na velha sala da Escola de Comunicação da UFRJ, não por acaso um asilo de loucos no reinado de Pedro II, ouvi algumas vozes quase infantis dizerem que pior que um restinho de democracia e institucionalidade era melhor que o arbítrio total.
De lá para cá, tanta água passou sob a ponte que todos achávamos que jamais iríamos ver aflorarem, outra vez, as pedras pontiagudas do autoritarismo do “a minha vontade é a lei”.
Hoje, qualquer que seja o resultado da sessão do Supremo Tribunal Federal, o Brasil ficará menor.
Aliás, já ficou. A decisão de Marco Aurélio, a uma semana do fim do mandato de Renan Calheiros, apenas um dia depois das manifestações “moristas” que exibiam o presidente do Senado como um rato, esqueceu a máxima de Cícero justamente sobre os atos dos juízes, o famoso “cui prodest”:
O famoso Lúcio Cássio, a quem os romanos consideravam um juiz muito honesto e sábio, tinha o hábito de perguntar frequentemente: A quem beneficia?
Vai ficando cada vez mais irônica e cômica, até, a frase da miúda – favor não ver nisso sentido além do físico –  Carmem Lúcia ao dizer que o Judiciário era um “pacificador”.
A confirmar-se o que adianta a Folha, dizendo que já há maioria para fazer uma “conta de chegar” para dizer que Renan, réu, pode presidir o Senado, mas não poderia assumir a cadeira presidencial como substituto, vai passar, com a ajuda de uma mídia descompensada, uma imagem de desmoralização quase tão grande quanto a que impôs a Renan.
E se, ao revés, a mantiver, teremos o imprevisível.
O Brasil está um caco e as chamas no monturo que vão tornando o país já exala, como no Rio de Janeiro, seu fogos e fumaças.
A menos que seja pelo espírito de Nero, não vejo do que riem os nossos césares.
Fonte: tijolaco

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