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SEM - VERGONHICE - Por Antonio Borges Rego



Expressão cotidiana no relacionamento familiar de antanho, mas aparentemente fora de moda atualmente, usada na educação de base repressiva de crianças e adolescentes, é “Deixe de ser sem-vergonha”, que logo se revertia ou não em castigo, conforme a gravidade da ação perpetrada que a suscitara. 

Parece que ser “sem-vergonha” é atitude já incorporada aos hábitos de muita gente, como buzinar com insistência para que se abra o portão de casa, esquecendo que o som estridente agride toda a vizinhança; 

atrasar o pagamento da taxa de condomínio, onerando os demais condôminos; 

contratar carroceiros para remoção de entulho, sabendo que o material recolhido vai ser jogado logo adiante, na propriedade de outrem; 

faltar aos plantões, no caso dos médicos do SUS, deixando pessoas doentes sem atendimento; 

estacionar veículo diante de pontos comerciais, “trancando” carro que está parado regularmente; 

ou em fila paralela, para apanhar filho na escola; 

ou sobre calçadas, impedindo de algum modo a passagem dos pedestres; 

transitar pelo acostamento de rodovias engarrafadas para levar vantagem sobre os que esperam sua vez; 

desrespeitar o idoso, em qualquer circunstância; 

não recolher o carrinho do supermercado; 

ingressar na representação política visando finalidade diversa da prevista para o cargo etc.

A sem-vergonhice, hoje exacerbada, talvez resulte da inversão de valores da contemporaneidade, disciplinando a infância e a adolescência, formando adultos que ignoram tanto o que é “ter vergonha na cara” quanto o significado de cidadania.

* Extraído do Diário do Nordeste

Notas sobre o autor:

Antonio Borges Rego é Contador e Advogado 

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