Tão
logo os militares tomaram poder em 1964, a sede da União Nacional dos
Estudantes (UNE), no Rio de Janeiro, foi metralhada e incendiada, a entidade
passou à atuar na clandestinidade e o estudante secundarista Edson Luís de Lima
Souto, 18, foi assassinado por policiais. O país mergulhou no caos.
Para
reprimir as manifestações contra o regime da ditadura baixaram o AI-5, um
coquetel molotov que autorizava arbitrariedades contra os insurgentes.
Se
passaram 52 anos e os estudantes voltam a protagonizar a luta contra o autoritarismo
que sucede um golpe.
Mais
de mil escolas seguem ocupadas em protesto contra a PEC da Morte, a 241, que
impõe cortes de verbas nas áreas sociais, na saúde e na educação, e também
contra a Medida Provisória que reforma drasticamente o ensino médio sem
discussão prévia.
Só
no Distrito Federal há sete escolas ocupadas em cidades-satélites, cinco
institutos técnicos federais e a Universidade de Brasília (UnB).
Inacreditavelmente,
o juiz Alex Costa de Oliveira, da Vara da Infância e Juventude do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) determinou que se reprima as
ocupações com técnicas de tortura.
Ele
mandou cortar o fornecimento de água, luz e gás das unidades de ensino, impedir
o acesso de familiares e amigos e pasme, fazer barulho até que desocupem.
O
juiz ordenou que a polícia utilize “instrumentos sonoros contínuos,
direcionados ao local da ocupação”, para impedir que os estudantes tenham
sono”, submetendo-os à uma técnica de tortura utilizada na prisão de
Guantánamo.
A
tática de convencimento por tortura psicológica afeta, inclusive, moradores
vizinhos.
O
juiz da Infância e Juventude ainda ressaltou na decisão que a cumpram
independentemente da presença de menores no local.
“É
uma reedição de técnicas de tortura. São considerados meios mais amenos, por
assim dizer, por que não tem violência direta, mas isso agride física e
mentalmente os estudantes. Visa criar o caos entre os jovens. Não é para
convencer. É autoritário e violento”, afirmou o advogado Renan Quinalha, que
auxiliou os trabalhos da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo.
Folheie
o calendário por meio da literatura e ache dia 31 de outubro, só que de 1964, e
verá que na mesma data alunas da Faculdade de Filosofia da Universidade de
Santa, no Rio de Janeiro, encenavam o “Enterro da UNE”.
Com
um cortejo fúnebre lamentavam: “Participamos aos colegas o falecimento do órgão
máximo do movimento estudantil brasileiro – a UNE. Está consumada a pressão
governamental, atentando contra um dos mais sagrados direitos do Homem – o da
liberdade, na pessoa do estudante do Brasil.”
Neste
31, os estudantes reafirmaram que o som da finada democracia não os fará
assumir o papel de carpideiras.
Vão
lutar! De novo.
Fonte:
brasil247
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