A deliberação atende a uma demanda da Associação Nacional dos Médicos Residentes |
O Ministério da Educação (MEC) decidiu que, no ano que vem, não
criará novas bolsas de estudos para médicos residentes. Em ofício
enviado aos coordenadores das comissões de residência médica das
universidades, a pasta usa o argumento de "corte orçamentário".
Emitido em 19 de setembro, o documento é assinado pelo diretor de
Desenvolvimento da Educação em Saúde do MEC, Dioclécio Campos Júnior.
Ele afirma no texto que "será mantido apenas o quantitativo de bolsas
financiadas em 2016, incluindo os R1 (residentes do primeiro ano)".
A deliberação atende a uma demanda da Associação Nacional dos
Médicos Residentes (ANMR). No ano passado, os residentes deflagraram
greve, reivindicando, entre outros itens, a interrupção de abertura de
novas vagas - pela lei, toda vaga exige pagamento de bolsa. A associação
criticava a ampliação de vagas pelo governo Dilma Rousseff, uma vez que
programas já existentes não estariam recebendo investimentos
suficientes. "Criam-se novas vagas só para engordar a estatística, sob
um viés eleitoreiro", afirmou à época o presidente da ANMR, Arthur
Danila, em entrevista ao Estado.
Nas redes sociais, a Associação Nacional dos Médicos Residentes
(ANMR) recebeu críticas por não se "indignar" com a recente decisão do
MEC. Quem fez comentários nesse sentido na página da organização obteve
respostas irônicas, como "mais amor para você" e "obrigada pela
participação".
A organização não foi localizada para
comentar o caso, mas lançou nota de esclarecimento. Segundo o texto,
ainda que o MEC tenha abolido novas bolsas, ainda há outras fontes
pagadoras, como o Ministério da Saúde, as secretarias municipais e
estaduais de Saúde e entidades filantrópicas, como as Santas Casas. No
texto, diz que "as bolsas existentes estão garantidas" e que "a
progressão das bolsas de R1 para R2 (residentes do segundo ano) também
não sofrerão alteração".
Segundo fontes do MEC, os "calouros" dos programas de residência
médica - equivalentes a uma pós-graduação - não devem se preocupar com o
financiamento do curso, uma vez que alunos do último ano, quando
terminam a residência, automaticamente "liberam" bolsas de estudo para
os próximos ingressantes.
A manutenção das bolsas que já vigoram custa R$ 600 milhões aos
cofres do MEC, que responsabiliza a gestão antecessora pelos cortes no
orçamento. Apesar de confirmar a veracidade do ofício, o ministério
afirma se comprometer com a criação de mais 356 vagas de residência
médica para o ano que vem, totalizando 12,9 mil. "O MEC reafirma o
compromisso com a formação de médicos para o Brasil", defendeu-se a
pasta, em nota enviada pela assessoria de imprensa.
Fonte: estadao
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