247 - Em entrevista concedida à revista CartaCapital, o ex-ministro da Justiça e procurador da República Eugênio Aragão critica o impacto negativo da Lava Jato sobre a economia. Com larga experiência no exterior, ele diz que outros países, longe da sanha moralista que se vê no Brasil, conseguem combater a corrupção empresarial e governamental sem destruir as grandes empresas.
No Brasil, "a gente entrega os nossos ativos com uma facilidade impressionante. Isso ocorre, principalmente, porque essa garotada do Ministério Público não tem a mínima noção de economia. Não sabem como isso funciona. Simplesmente botaram na cabeça uma ideia falso-moralista de que o País tem de ser limpo", disse.
Aragão diz na entrevista que sempre gostou de economia.”Trabalhei no Instituto de Direito Internacional da Paz e dos Conflitos Armados em Bochum e um de meus campos de pesquisa eram os Estados falidos. Trabalhei em reconstrução estatal no Timor-Leste, com o embaixador Sérgio Vieira de Mello, o que me faz pensar em termos econômicos o tempo todo. No MPF fui coordenador da 5ª Câmara, de defesa do patrimônio público, cuidando da cooperação com o governo federal em políticas públicas de eficiência da administração.”
Ele diz que alertou, em depoimento na Câmara dos Deputados, para os riscos à economia e ao País da inviabilização de inúmeras empresas pela Lava Jato. E que ouviu algo assustador: “’Ah, isso é bobagem, mais importante é a gente acabar com esse cancro da sociedade, porque essas empresas depois se constituem em outras’. Não é assim. A mão de obra que detém a tecnologia vai para o exterior na mesma hora, é capturada, não fica no Brasil. Para montar outra empresa com o mesmo ativo tecnológico, leva décadas.”
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