RBA – Os
conselhos regionais e federal de medicina e muitos médicos, que foram bastante
críticos com o governo de Dilma Rousseff (PT) e ajudaram a afastá-la do cargo,
deverão tomar um duro golpe do governo interino de Michel Temer (PMDB).
É
essa a situação que se vê na nota emitida na sexta-feira (5) pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM). Na sexta, quando as atenções do país estavam
voltadas para o início oficial dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o
Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial a criação de um grupo de
trabalho para discutir e elaborar projetos de convênios médicos privados de
baixo custo, porém, de cobertura limitada.
O
golpe são os chamados “planos populares” de saúde, que são defendidos pelo
ministro interino da Saúde, Ricardo Barros. Para o Conselho Federal de Medicina
(CFM), esses ‘planos populares’ distorcem os anseios da população. Mais que
isso, mas não explicitado pela nota do CFM, está a preocupação com a
remuneração e as condições de trabalho dos médicos dos possíveis ‘planos
populares’
Na
nota oficial, o CFM se posicionou de maneira crítica à proposta do ministro
Barros, que teve campanha financiada principalmente pelos planos de saúde. Para
a entidade médica, “a venda de ‘planos populares’ apenas beneficiará os
empresários da saúde suplementar e não trará solução para os problemas do
Sistema Único de Saúde”.
Esses
planos, limitados a consultas ambulatoriais e exames de menor complexidade,
conforme o CFM, “não evitarão a procura pela rede pública ou impacto
prejudicial ao financiamento do SUS”.
A
entidade defende medidas estruturantes, com mais recursos para o setor, o
aperfeiçoamento dos mecanismos de gestão, a criação de políticas de valorização
dos profissionais, como uma carreira de Estado para os médicos, e o combate à
corrupção.
“Somente
a adoção de medidas dessa magnitude será capaz de devolver à rede pública
condições de oferecer, de forma universal, o acesso à assistência segundo
parâmetros previstos na Constituição de 1988 e com pleno respeito à dignidade
humana”, defende o CFM.
Íntegra
da nota:
Em
relação à portaria do Ministério da Saúde publicada no Diário Oficial da União
desta sexta-feira (5), que cria Grupo de Trabalho para discutir e elaborar o
projeto de plano de saúde com caráter popular, o Conselho Federal de Medicina
(CFM) informa que:
A
autorização da venda de “planos populares” apenas beneficiará os empresários da
saúde suplementar, setor que movimentou, em 2015 e em 2016, em torno de R$ 180
bilhões, de acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS);
Se
implementada, esta proposta não trará solução para os problemas do Sistema
Único de Saúde (SUS), possivelmente sem a inclusão de doentes crônicos e
idosos, resultando em planos limitados a consultas ambulatoriais e a exames
subsidiários de menor complexidade. Portanto, não evitarão a procura pela rede
pública ou impacto prejudicial ao financiamento do SUS;
Propostas
como a de criação de “planos populares de saúde” apropriam-se e distorcem
legítimos desejos e anseios da sociedade;
Na
expectativa de um novo governo e de uma nova cultura de proficiência, eficácia
e probidade na Nação, a sociedade conta, na verdade, com a adoção de medidas
estruturantes para o SUS, como: o fim do subfinanciamento; o aperfeiçoamento
dos mecanismos de gestão; a criação de políticas de valorização dos
profissionais, como uma carreira de Estado para os médicos; e o combate à corrupção.
Somente
a adoção de medidas dessa magnitude será capaz de devolver à rede pública
condições de oferecer, de forma universal, o acesso à assistência segundo
parâmetros previstos na Constituição de 1988 e com pleno respeito à dignidade
humana.
Brasília,
5 de agosto de 2016
Fonte:
debateprogressista
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