É
impressionante as semelhanças entre como se excluiu Juscelino Kubitschek da
vida pública e como está se tentando fazer o mesmo com o ex-presidente Lula.
O jornalista Mário Magalhães, autor da
excelente biografia “Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo”, está
fazendo um novo trabalho para contar a história de Carlos Lacerda. Mexendo em
arquivos de jornal, encontrou ouro puro, mas não sobre o seu objeto de
pesquisa. E sim sobre como a mídia transformou JK num bandido numa operação
casada com a ditadura militar. A criatividade continua a mesma, JK foi acusado
de ocultar patrimônio e teria, segundo os jornais, um apartamento luxuoso na
avenida Vieira Souto. Hoje, Juscelino é considerado um dos presidentes mais
importantes da história brasileira, como Getúlio, mas ambos saíram escorraçados
do governo. No caso de JK, seu sucessor foi Jânio Quadros, que venceu a disputa
eleitoral com a marca da vassourinha, que viria para varrer toda a bandalheira.
Faz mais de 50 anos, mas parece que é hoje. Não deixe de ler o post do Mário
Magalhães abaixo.
Depois
de deixar a Presidência, Juscelino Kubitschek (1902-1976) foi morar num
apartamento novinho em folha na avenida Vieira Souto, Ipanema, o metro quadrado
mais caro do país.
A
empreiteira que ergueu o prédio havia tocado na região Sul uma obra concedida
pela administração JK (1956-1961).
O
projeto arquitetônico do prédio foi desenhado por Oscar Niemeyer, que nada
cobrou pelo serviço.
Mais
de uma vez o ex-presidente visitou as obras do apê que viria a ocupar.
Idem
sua mulher, dona Sarah, que pediu numerosas alterações no projeto original.
Um
mestre de obras foi afastado, devido a reclamações da antiga primeira-dama.
O
imóvel era espaçoso. Jornais publicariam que tinha 1.400 metros quadrados, o
que parece exagero. Mas nele JK chegou a discursar para centenas de pessoas.
Juscelino
pagava um aluguel irrisório ou morava de graça _as versões variam.
O
apartamento em frente ao mar estava em nome de uma empresa controlada pelo
banqueiro Sebastião Pais de Almeida.
Multimilionário,
o empresário era amigo de JK, em cujo governo havia sido ministro da Fazenda.
Em
junho de 1964, a ditadura recém-instalada cassou o mandato de senador de
Juscelino e suspendeu seus direitos políticos por dez anos.
O
ex-presidente teve a vida devassada, investigado em inquéritos policiais
militares.
As
autoridades o acusaram de um sem-número de falcatruas, como se fosse um ladrão
voraz.
A
acusação de maior apelo entre os opositores do ex-governante era a de que, na
verdade, o apartamento da Vieira Souto era de Juscelino.
Sem
renda para justificar tamanha ostentação, o ex-presidente “corrupto” teria
preferido ocultar o patrimônio.
Portanto,
Sebastião Pais de Almeida seria um laranja. Atípico, tal a sua fortuna, mas
laranja.
Certa
imprensa fez um Carnaval, chancelando as acusações da ditadura, como se vê em
títulos de jornal reproduzidos neste post.
Na
Justiça comum, nem julgamento houve.
Fonte:
revistaforum
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