247 - O governo interino de Michel Temer (PMDB) chega ao seu centésimo dia nesta sexta-feira (19), envolvido em polêmicas, recuos e com um programa que difere totalmente daquele pelo qual a chapa que ele integrou nas eleições de 2014 foi eleita. Após um início trôpego, com recuos sobre extinção de ministérios, ampliação do rombo fiscal e envolto no escândalo das gravações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que levou a queda de três ministros, o peemedebista foi alvo, ao longo deste tempo, de diversos protestos em todo o país, cujo ápice ocorreu na abertura dos Jogos Olímpicos, no último dia 5, quando foi vaiado no Maracanã. Tal fato fez com que ele desistisse de participar do encerramento do evento. Mercado também já dá sinais de impaciência. Voraz no ataque ao governo Dilma Rousseff, a imprensa familiar nacional fechou os olhos para as fraquezas da gestão interina.
Relembre os fatos:
Queda de ministros
A divulgação das gravações de Sérgio Machado com políticos derrubou os ministros Romero Jucá (Planejamento), Fabiano Silveira (Transparência) eHenrique Eduardo Alves (Turismo). Os áudios evidenciaram que o golpe contra Dilma Rousseff tinha o objetivo de enfraquecer a Operação Lava Jato.
Rombo fiscal
Temer fez passar pelo Congresso um projeto que ampliou o déficit fiscal do país para R$ 170 bilhões.
A presidente Dilma Rousseff denunciou o rombo (aqui).
O mercado já sinaliza que o cheque em branco concedido ao presidente interino está com os dias contados.
Recuos
Ao assumir o governo, Temer extinguiu o Ministério da Cultura. Após muitos protestos, desiste da ideia e recriou a pasta (aqui). O presidente interino, que acabou com a pasta do Desenvolvimento Agrário, após ser ameaçado pelo deputado Paulinho da Força, decidiu criar uma Secretaria Especial (aqui) e prometeu devolver o status de ministério ao órgão após a votação do impeachment.
Além disso, ele, que assumiu prometendo ajuste fiscal de impacto, desistiu da ideia, alegando falta de clima no Congresso (aqui).
Teto de gastos e retirada de direitos
É projeto de Temer impor um limite de gastos, pelos próximos 20 anos, para áreas essenciais como Saúde e Educação, além de defender flexibilização das leis trabalhistas e mudanças na Previdência, com aumento da idade para aposentadoria. As propostas enfrentam resistências no Congresso.
Protestos
Protestos contra Temer ocorrem diariamente em todo o país. Por isso, ele não tem participado de agendas públicas. Inclusive, já avisou que não irá ao encerramento dos Jogos Olímpicos, após ser vaiado na abertura da Rio 2016 (aqui). O governo até tentou calar as manifestações no evento, mas não conseguiu (aqui). No último dia 9, manifestações contra Temer ocorreram em várias partes do país (aqui).
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