Manifestantes usam a imagem de Liana Friedenbach em protesto pela redução da maioridade penal | ASSOCIATED PRESS |
Ari Friedenbach sentiu na pele a maior dor de qualquer pai. Ele teve sua filha
brutalmente assassinada aos 16 anos num caso que chocou o País. Liana foi
torturada, estuprada e morta por Roberto Aparecido Alves Cardoso, conhecido
como "Champinha", enquanto acampava com seu namorado em Embu Guaçu,
região metropolitana de São Paulo, em 2003.
À
época, Champinha tinha 16 anos. Após cumprir três anos de medida socioeducativa
na Fundação Casa, psicólogos do Instituto Médico Legal o diagnosticaram com
transtorno de personalidade, alguém incapaz de viver em sociedade. Interditado
pela Justiça, Champinha vive até hoje em um estabelecimento especialmente
criado pelo governo do Estado de São Paulo para interná-lo, e de onde ele nunca
mais deverá sair.
A
história de Liana já foi muito usada por aqueles que apoiam a redução da maioridade penal. Ontem, o caso voltou à tona após o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) se tornar réu no STF por apologia ao estupro.
Defensores
de Bolsonaro, entre eles o Movimento Brasil Livre, usaram o crime brutal como
uma justificativa à fala do deputado, que disse que não estupraria a
parlamentar Maria do Rosário (PT-RS) porque esta "não merecia".
"O
contexto completo remonta ao caso de Champinha, jovem de 16 anos que estuprou e
degolou a jovem Liana Friedenbach em 2003. Na ocasião, Maria do Rosário
defendeu a IMPUNIDADE do estuprador e assassino, porque era "apenas uma
criança" nas palavras da deputada petista. Bolsonaro, por outro lado,
defendeu a redução da maioridade penal e a prisão de Champinha. Ainda no
Congresso, os deputados discutiram, com a deputada petista chamando Bolsonaro de
estuprador, e então ouviu a frase que foi julgada hoje pelo STF", diz nota divulgada ontem na página do MBL no Facebook.
Diante
da repercussão, o pai de Liana, Ari Friedenbach, hoje vereador de São Paulo
pelo PHS, divulgou uma carta aberta esclarecendo aos militantes de Bolsonaro
que pedem seu apoio ao parlamentar que não, isso não vai acontecer.
"Primeiro,
ele não defendeu a honra da minha filha. Qualquer discurso que não acrescente
nada para a sociedade não é defesa. Pena de morte não é defesa! Fazer um circo
para ganhar mídia é oportunismo, não é defesa!", escreveu Friedenbach, que
voltou a se posicionar contra a redução da maioridade penal e a pena de morte.
O
vereador também afirmou que já pediu a Bolsonaro que ele pare de usar a
tragédia de sua família para defender suas ideias. "Não autorizo o uso da
minha história para fazer discurso de ódio ou tentar dar credibilidade a suas
propostas insanas", afirmou na carta.
"Sou
favorável a responsabilização do menor que cometer crimes contra a vida. Que
seja julgado e pague por isso, com ressocialização e decência, mas que cumpra
penas rígidas como criminosos e não menor infrator.
Em
casos como o de Champinha, um psicopata, precisamos debater isso, já que no
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não é tratado menores com esse
distúrbio. Pessoas como Champinha devem ser retiradas do convívio social e
ficar em observação para sempre."
Fonte:
brasilpost
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