A facilidade com que foram obtidos os três quintos dos votos necessários para a aprovação da Desvinculação de Receitas da União – que, de provisório, virou mecanismo permanente das contas públicas brasileiras – é muito mais eloquente sobre o fato de haver um sólido acordo entre o vice-presidente Michel Temer e Eduardo Cunha para salvar este último da cassação do que de uma situação de conforto para o governo aprovar o que quiser na Câmara.
Por maior que seja o adesismo ao novo governo,ninguém duvida de que a Cunha, mesmo com todo o desgaste, sobram votos para , desejando, inviabilizar votações, ainda mais aquelas sobre o que exige emenda à Constituição e maioria qualificada. E Cunha entregou sua parte do acordo, que deveria ter sido posterior à votação do Conselho de Ética, que acabou abortada depois do “sequestro” da já folclórica “Tia Eron”.
(Aliás, na histriônica política brasileira, a “Tia” e o “Japonês da Federal” tornam dura a vida dos humoristas, superados em muito pela realidade)
Muito mais do que as declarações de um e de outro sobre a inexistência de acordo e de interferência de Temer na escandalosa manobra Salva-Cunha é aquele resultado.
A indignação de deputados tucanos, demistas e de outros nanicos é só marola e eles próprios sabem disso.
Há, porém, um “pequeno” problema na “Ponte para o Lodo” que o governo constrói.
A absolvição de Eduardo Cunha implica, quase que inevitavelmente, num passo adiante na ação do Judiciário. E, em relação a ele, o passo que resta é a prisão por, mesmo afastado, continuar interferindo nas decisões da Câmara.
Por mais que a imprensa se esmere em não ver que isso só é possível com um acordo com o Governo, todos o verão.
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