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Associação afirma que ‘La Muralla 2’ causou constrangimento ao judiciário


Presidente da Amazona afirmou ainda, que vai lutar pelas garantias e prerrogativas dos magistrados Luís Carlos Valois e Encarnação Salgado, que foram alvos da Polícia Federal

A Associação dos Magistrados do Amazonas (Amazon) afirmou que vai lutar pelas garantias e prerrogativas dos magistrados Luís Carlos Valois e Encarnação Salgado, que foram alvos da Polícia Federal nesta quinta-feira, durante a deflagração da operação La Muralla 2.

De acordo com o presidente da Amazon, Cássio Borges, a ampla defesa e o contraditório devem ser garantidos aos magistrados e afirmou que a ação da PF realizada no Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) e no Fórum Henock Reis, ambos no Aleixo, na zona Centro-Sul, deixou o judiciário constrangido.

"Em 100 anos de tribunal de justiça, essa foi a primeira vez que aconteceu. Mas não estou dizendo que não pode acontecer.  Então, obviamente que isso causou um constrangimento a toda magistratura“, afirmou o presidente.

Ainda de acordo com Borges, os trabalhos do Fórum chegaram a ser afetados parcialmente, uma vez que o pavilhão onde está a Vara de Execuções Penais (Vep) ficou bloqueada no período da manhã, mas já foi normalizado.

Operação

Foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (9), pela Polícia Federal do Amazonas, a operação "La Muralla 2". Desta vez os alvos principais são membros do judiciário e advogados, entre eles a desembargadora Encarnação das Graças Salgado e o juiz da Vara de de Execuções Penais (Vep), Luiz Carlos Valois. Na primeira fase da operação, deflagrada no ano passado, 194 mandados foram cumpridos.

Fonte: acritica

Em nota, a ASSOCIAÇÃO JUÍZES PARA A DEMOCRACIA postou em sua página no Facebook o seguinte:

NOTA DA ASSOCIAÇÃO JUÍZES PARA A DEMOCRACIA

A DEFESA DA CONSTITUIÇÃO NÃO PODE CRIMINALIZAR MAGISTRADOS

A ASSOCIAÇÃO JUIZES PARA A DEMOCRACIA, entidade não governamental e sem fins corporativos, que tem por finalidade estatutária o respeito absoluto e incondicional aos valores próprios do Estado Democrático de Direito, vem a público externar preocupação decorrente das ações policiais empreendidas contra o Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas Luís Carlos Valois, em 09 de junho passado, nos seguintes termos.

O Juiz de Direito Luís Carlos Valois tem, ao longo dos anos, realizado importante trabalho jurisdicional na garantia dos Direitos Humanos, especialmente em relação a uma parcela absolutamente excluída da população, que é aquela que lota o sistema carcerário do país.

Sua postura garantista não é uma postura recente e nem tampouco dirigida especificamente a um ou outro custodiado. Trata-se de postura permanente e coerente com princípios de prevalência das liberdades públicas sobre um Estado policial que, em que pese as garantias previstas na Constituição Federal de 1988, tem mostrado preocupante crescimento, simbolizado pelo fato do Brasil ter alcançado a posição de quarta maior população carcerária do mundo.

Essa mesma postura é a adotada na atividade acadêmica de Luís Carlos Valois. O doutorado em Direito Penal que conquistou na Universidade de São Paulo também focou a defesa das liberdades públicas imprescindíveis a qualquer Estado Democrático de Direito, seriamente ameaçadas pela irracional guerra às drogas, discutida na tese que publicou.

Infelizmente, em plena democracia, muitos ainda enxergam com estranheza juízes que têm a coragem de não aderir ao populismo penal; que preferem a liberdade sobre a prisão; que se opõem ao tratamento da questão social como caso de polícia ou que fiscalizam, com o rigor exigido pelo vigente texto constitucional, a atividade punitiva do Estado.

Diante disso, a Associação Juízes para a Democracia espera que a ação policial de busca e apreensão, ocorrida em 09 de junho de 2016, sobre a autoridade judicial em questão, não tenha sido tomada com base em suas posturas libertárias. A defesa das liberdades públicas é dever constitucional atribuído a todo magistrado, não podendo servir de suporte, ostensivo ou oculto, para tornar um juiz suspeito ou investigado.

Tal como constante em outros documentos já publicados, a Associação Juízes para a Democracia reitera que Judiciário adaptado à Constituição é o Judiciário que aceita o pluralismo de ideias a aperfeiçoar o próprio funcionamento dos tribunais. O livre debate e as opiniões divergentes, exteriorizadas em decisões judiciais, configuram exigências democráticas.

São Paulo, 10 de junho de 2016.


A Associação Juízes para a Democracia

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