Se o senhor Paulo Bernardo praticou, de fato, as falcatruas de que o acusam, pague por elas.
No mundo civilizado é – ou deveria ser – assim: acusação, defesa, julgamento e pena (ou absolvição).
Prisão se justifica quando há algum elemento de surpresa na ação, que permite coleta de provas que, de outro modo, seriam destruídas.
Como, por exemplo, aconteceu em Pernambuco, onde o “bote” sobre vários empresários – alguns laranja – era necessário à apreensão de documentos. Ainda assim, com erro de planejamento, porque acabou permitindo que um deles, não localizado, tenha aparecido morto em circunstâncias ainda não esclarecidas.
Ainda não se sabe o que vão alegar para a ação surpreendente contra o ex-ministro.
Muito menos para as “conduções coercitivas” de pessoas que sequer haviam sido, uma vez que fosse, chamadas a depor, como no caso do ex-ministro Carlos Gabas. Gabas, pessoa com que me relacionei nos tempos em que estive no governo federal, é do tipo que, se convidado a depor, responderia: quando é que vocês querem me ouvir, agora?
Não escapa a qualquer policial, promotor ou juiz que o fato de ele ser marido de uma senadora, Gleisi Hoffmann, que faz a defesa de Dilma na Comissão de Impeachment tem um alcance político que vai muito além dos atos que suspeitam que tenha praticado.
Mais uma razão para a prudência na abordagem.
Mas a prudência, quando interessa, é porta de lado em nome do espalhafato político.
No momento, a única coisa que se percebe é que voltamos a era da prisão-espetáculo, onde o se quer prender, mesmo, é a atenção pública, para que ela não se volte para aquilo que não é o desejo de grupos metidos até o pescoço na corrupção da política.
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