Quando
eu era estudante universitário, nos tempos da ditadura, algum espaço de
liberdade persistia dentro das universidades.
O
famigerado Decreto 477, baixado por Costa e Silva, em 1969, caíra em desuso e
seria revogado, em 1979.
Universidade
sem liberdade de pensamento e de expressão deste pensamento não existe: é um
corpo morto.
Agora,
por iniciativa do Ministério Público Federal, esta instituição que vai se
tornando maldita como toda aquela que atenta contra sua mãe, a liberdade, ele
está voltando.
O
Ministério Público de Goiás enviou uma “recomendação (recomendação uma ova,
porque o mesmo texto já requisita a relação de eventos já ocorridos e seus
responsáveis) à Universidade Federal de Goiás para que “não realize nem
permita, em suas dependências físicas, nenhum ato de natureza
político-partidária, tendo por objeto o processo de impeachment da Presidente
da República, seja favorável ou contrariamente”.
Como,
nas Universidades, é fortíssimo o movimento antigolpe e inexpressivo o do
“impeachment” fica claro o alvo dos procuradores, muito bem pagos com o
dinheiro público. Aliás, nem escondem seu lado, pois no mesmo texto avaliam que
há “grandes manifestações de brasileiros
que pugnam pela cassação do mandato da Chefe do Executivo Federal” e apenas
“protestos de grupos adversos ao
impeachment”.
Quem
assina a ordem para este arreganho
autoritário são os procuradores Aílton Benedito de Souza e Cláudio Drewes
Siqueira.
O
primeiro ficou conhecido por intimar o Itamaraty explicar a convocação de “26 jovens do Brasil para
compor Brigadas Populares de Comunicação
na Venezuela”. Brasil era apenas o nome de um bairro da cidade venezuelana de
Cumatá. Pura idiotice.
O
segundo, pela tentativa de proibir a veiculação de comerciais sobre as Olimpíadas e Paraolimpíadas, sob a alegação de que “seu objetivo é estimular na
sociedade sentimentos favoráveis à Presidente da República, ao seu governo e à
coalização partidária que lhe empresta sustentação, num momento em que, como
“nunca antes na história deste país”, estão mais fragilizados politicamente,
enfrentando elevadíssima rejeição social, inclusive, com processo de
impeachment já deflagrado na Câmara dos Deputados, cujo resultado dependerá
sobremaneira das manifestações da sociedade que acontecerão nos próximos
meses”.
Que
autoridade têm estes senhores para falar em atos “favoráveis ou contrários” ao
impeachment se eles próprios, no exercício da função pública, os praticam?
Agora,
antes mesmo de implantarem sua ditadura, já investem contra a liberdade nos
campus universitários.
O
que mais farão depois?
Fonte:tijolaco
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