O
Ministério da Educação (MEC) anunciou no último dia 30 a criação do curso
Tecnólogo em Direito. A repercussão foi imediata e incomodou, inclusive, a
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que fala em mostrar a
inconstitucionalidade da medida. O tecnólogo poderá atuar nas mesmas áreas de
quem é graduado em Direito, inclusive o exercício da advocacia.
Em
miúdos, não será preciso esperar cinco longos anos para concluir a graduação em
Direito. O candidato que escolher a via mais rápida pode terminar o curso em
apenas dois anos. A carga horária é de 1,8 mil horas. A criação do curso já foi
publicada no Diário Oficial. A partir de agora, as faculdades estão autorizadas
a se preparar para oferecer o curso. Claro que com algumas mudanças, inclusive
na estrutura física de laboratórios.
Na
grade curricular, o estudante vai cursar matérias como Direito Penal, Civil e o
Constitucional. Também conta com a vantagem de, no dia a dia, poder responder
por todas as atividades inerentes a um bacharel em Direito. Exceto a aprovação
na Magistratura e Promotoria, que contam com legislação própria.
Na
hora de prestar o Exame da Ordem, será exigido conhecimento apenas das matérias
que compõem a grade curricular de seu curso. “Uma espécie de prova mais fácil”,
diz uma bacharel em Direito que conversou com a reportagem do Diário de
Aparecida, mas não quis se identificar.
Obviamente,
em se tratando das disciplinas, enfoque em Ética e Estatuto da Ordem dos
Advogados do Brasil (que vai compor 50% da nota necessária na primeira fase da avaliação).
Advogado Nelclier Martins Marques, que atua em Aparecida, acredita que o
profissional seria um facilitador, claro que respeitadas as competências
constantes no estatuto da categoria. “Ele seria um facilitador, creio que
ajuda. Um profissional se destaca pela competência, responsabilidade e
gabarito. Isso ninguém tira”, argumenta.
Já
o vice-presidente da Subseção OAB de Aparecida, Roosevelt Santos Paiva, é
contra. Segundo ele, toda profissão tem de estar regulamentada por lei e que
não fira o estatuto de outras profissões. “A princípio, sou contra. Desde que
não seja por lei, o MEC não pode mexer na competência do advogado. É ilegal e
inconstitucional”, diz.
Embaraço
Para
justificar a criação do curso, a supervisão de educação profissional do MEC diz
que o profissional será “qualificado para otimizar a Justiça e trazer maior
conhecimento jurídico às carreiras que antes exigiam apenas o nível médio, como
oficial judiciário e técnico judiciário”, explica o coordenador João Carneiro
de Sousa Bandeira, em entrevista ao blog Não Entendo Direito.
Para
o funcionamento do curso, a carga horária mínima recomendada pelo MEC é de 1,8
mil horas. O que corresponde a dois anos de estudos. As faculdades e
universidades agora terão de adequar as bibliotecas, bem como os ambientes que
simulem espaços jurídicos e também os laboratórios de informática.
Para
o próximo dia 15, o MEC também espera lançar o 5º Catálogo Nacional dos Cursos
Superiores de Tecnologia. Serão dez novos cursos, divididos nos eixos
tecnológico-jurídico (seis), segurança (três) e apoio educacional (um).
Afronta
à Constituição
Diante
do anúncio da criação do curso, a OAB se manifestou contrária. Em nota, a
instituição fala em afronta à Constituição. E mais: seria uma espécie de
represália à ação de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. A ação foi
protocolada na Câmara dos Deputados, no último dia 28.
A
decisão por parte da OAB de protocolar o pedido de impedimento da presidenta
provocou intensa reação dentro da Casa, com acalorado debate entre opositores e
apoiadores do atual governo. A OAB, após o anúncio do curso, diz que vai tomar
as providências necessárias no intuito de declarar a inconstitucionalidade da
medida. “Inclusive propondo uma ação”, diz a bacharel em Direito.
O
MEC diz que a criação do curso estava prevista e o objetivo é suprir a falta de
formação específica na área do Direito, e que não seria uma retaliação, como
prega a OAB. (Moacir Cunha Neto com informações www.naoentendodireito.net)
Fonte:
diariodeaparecida
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