A
maioria do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) votou pela demissão
do procurador Douglas Kirchner, acusado de ter agredido a esposa e a mantido em
cárcere privado.
O
que chama atenção na matéria não é o julgamento em si. Com as evidências levantadas
contra ele, dificilmente Douglas escaparia.
Chamam
atenção outros fatos.
Primeiro,
a informação de que Douglas estava em estágio probatório. Segundo, o fato de,
depois de cometido o crime, ter sido transferido de Rondônia para o centro
político do país. Terceiro, a facilidade com que um procurador inexperiente,
desequilibrado – como se viu – pode provocar uma crise política. Basta uma
parceria com um veículo de mídia para provocar um fato político contra um
ex-presidente da República (!).
O
uso abusivo das prerrogativas, sem nenhuma espécie de controle interno, ainda
vai custar caro ao MPF.
Da
Folha
DE
BRASÍLIA
29/03/2016 19h47
A
maioria dos integrantes do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) votou
nesta terça-feira (29) pela demissão do procurador Douglas Kirchner, acusado de
agredir a mulher e mantê-la em cárcere privado, em Rondônia.
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que preside o conselho, adiantou
sua posição, favorável ao desligamento do colega. Se o plenário confirmar a
decisão, caberá a Janot assinar o ato administrativo oficializando a demissão,
já que Kirchner está em estágio probatório.
Se
ele já tivesse obtido a vitaliciedade, após a sentença do CNMP, seria
necessário a abertura de um processo judicial para referendar o veredicto do
Conselho.
Embora
oito dos 14 membros do colegiado já tenham se manifestado, o pedido de vista do
conselheiro Walter de Agra adiou a conclusão do julgamento nesta terça. Isso
porque o pedido de vista permite que mesmo quem já votou possa mudar de opinião
e apresentar outro entendimento sobre o caso.
Kirchner
ganhou notoriedade por atuado na investigação que apura suspeitas de que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha cometido tráfico de influência em
favor da Odebrecht. Os advogados do petista o acusam de negar acesso aos
documentos do inquérito.
De
acordo com a denúncia, os episódios de violência ocorreram em 2014, quando
Kirchner e a mulher, Tamires Souza Alexandre, participavam da seita religiosa
Igreja Evangélica Hadar, em Porto Velho, capital de Rondônia.
Ele
é suspeito de agredir Tamires, acompanhar castigos físicos impostos a ela por
uma pastora da seita, além de tê-la mantido em cárcere privado, com alimentação
reduzida e sem acesso a itens básicos de higiene pessoal.
A
comissão formada para apurar o caso em curso no CNMP ouviu testemunhas que
tiveram contato com Tamires logo após ela conseguir fugir do alojamento onde
era mantida. A vítima, porém, não prestou depoimento.
O
próprio procurador admitiu que acompanhou algumas cenas de punições à mulher,
mas sua defesa alegou que ele sofre de uma espécie de transtorno psiquiátrico
por fanatismo religioso.
Fonte:
jornalggn
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