Um
movimento que reúne milhares de protestantes evangélicos em todo o país, com
participação de pelo menos 1.500 pastores, acaba de divulgar um manifesto pela
normalidade democrática, que já reuniu mais de quatro mil assinaturas.
Abaixo
a íntegra do manifesto, claramente antifascista, progressista e antigolpista.
É
um texto tão objetivo e conciso, que não preciso nem reproduzir trechos aqui.
O
manifesto denuncia a seletividade da mídia, conclama seus fieis a não entrarem
no jogo da condenação precipitada, pede respeito ao voto!
É
um texto mais lúcido, corajoso e direto do que o de muitos manifestos
acadêmicos...
O
Cafezinho entrevistou rapidamente o pastor Ariovaldo Ramos (foto), que encabeça
o manifesto e preside o movimento, mas - como já disse - o texto ficou tão bom
que nem preciso reproduzir nossa conversa.
Parabéns
aos evangélicos!
Na
próxima segunda-feira, o mesmo movimento organiza um evento para discutir a
legalidade democrática no país.
***
Nestas
últimas semanas, a nação brasileira tem vivido momentos de aflição, angústia e
ódio. A ausência de serenidade e cautela, nesta hora crítica, tem despertado
muita preocupação e tememos que o acirramento provocado venha custar vidas
humanas.
Conquanto
tenhamos entre os membros de nosso movimento, como em todo o universo
evangélico, as mais diversas opiniões políticas, ideológicas e opções
partidárias, há em comum a pregação da tolerância, da paz e da justiça,
conforme a orientação das Escrituras Sagradas. Desejamos, neste manifesto, nos
posicionar a respeito desses acontecimentos.
Todos
os signatários deste manifesto declaram que:
•
como cristãos, rejeitamos e denunciamos com veemência a corrupção, a
iniquidade, a impunidade e o ataque ao Estado Democrático de Direito. Esses
desvios fazem com que o pão não esteja na mesa do pobre, e deixem os enfermos e
os órfãos desamparados.
•
entendemos que a corrupção e a impunidade têm sido problemas endêmicos na
sociedade brasileira. E que a indignação de todos nós contra isso é justa e
profética. Contudo, rejeitamos igualmente toda indignação pecaminosa que
suplante o ordenamento jurídico, que aja com parcialidade e dissemine o ódio e
o desejo de vingança entre os brasileiros.
•
somos favoráveis a que todos, em quaisquer posições que ocupem ou de quaisquer
camadas da sociedade, denunciados na forma da lei por possíveis crimes, sejam
investigados e julgados. Porém, só se faz justiça civil pela aplicação rigorosa
e exclusiva da lei. Não concordamos que os ritos necessários para o juízo legal
sejam adulterados apenas para atender ao clamor público.
•
rejeitamos a postura midiática tendenciosa com divulgações editadas dos
processos investigativos. Essa prática irrefletida apenas tem promovido dias de
aflição e angústia para os brasileiros, além de propagar o ódio e a
intolerância com quem pensa de forma diferente sobre a condução dos processos.
Por isso, nós pedimos à nação, e em especial aos nossos irmãos em Cristo, muita
cautela e serenidade, e que o desejo de justiça não nos torne injustos.
•
sabemos que os gritos de “crucifica-o" são motivados, muitas vezes, por
gente mal intencionada e isso pode nos trair e nos levar a julgamentos
precipitados. Entendemos que condenar alguém, antes que todo o processo
investigativo seja concluso, antes que se dê amplo direito de defesa, e antes
que um tribunal dê sua sentença final, constitui um perigoso precedente para
que quaisquer poderes, seja o Executivo, o Legislativo ou o Judiciário, excedam
os seus limites constitucionais.
•
exigimos respeito ao voto. Toda eleição é uma convocação e um embate entre
eleitores, e o voto é o suporte da legitimidade. Se a escolha dos eleitores
corre o risco de ser invalidada, tem de haver um processo segundo o ordenamento
jurídico, logo, isso tem de ocorrer de forma isenta e sob o império da Lei. O
mandato outorgado pelo povo, por meio do voto, não pode ser levianamente
questionado.
•
rejeitamos todo ódio. O ódio, constatado muitas vezes nos discursos de figuras
públicas, incita a violência e isso, segundo a nossa fé, é diabólico e não pode
ser admitido entre os que constituem a Igreja do Senhor Jesus em solo
brasileiro. Cabe a todo cristão a tarefa de ter paz com todos, seja em serviço
ao próximo, seja em tolerância com quem pensa diferente, sendo capaz de amar e
interceder por seu oponente. Intercessão que, rogamos, seja feita por nossa
nação.
•
defendemos que as investigações devam continuar, que as provas sejam coletadas
e os responsáveis sejam arguidos pelos tribunais, conforme o estabelecido nas
leis brasileiras. Que não haja privilégios para qualquer pessoa investigada,
independente de posição ou partido político.
•
defendemos a democracia como valor inexorável da Nação e não aceitaremos que
nada possa interferir no Estado de Direito. Queremos que a institucionalização
seja observada e que prevaleça a serenidade necessária para que o estado
democrático seja preservado.
•
reiteramos que "a voz" das ruas deve ser ouvida, mas o limite é a
Constituição Brasileira. Cremos que todos devem ser investigados, mas dentro
das garantias constitucionais. Que o voto e a escolha da maioria devem ser
honrados, como reza a lei. Cabem às instituições, designadas democraticamente
para tal, a garantia do Estado de Direito, a fim de que quaisquer cidadãos
tenham seus direitos respeitados.
Para
tanto permaneceremos em vigília e em orações.
Que
o Senhor nos faça instrumentos da sua paz e da sua justiça.
Alguns
dos primeiros signatários. O documento já tem mais de quatro mil assinaturas.
1.
Ariovaldo Ramos, líder do Missão na Integra, pastor batista, presidente da
Visão Mundial
2.
Ed René Kivitz, pastor Igreja Batista de Água Branca, SP
3.
Carlos Queiróz, pastor - Igreja de Cristo, Fortaleza
4.
Neil Barreto, pastor - Igreja Batista Betania, RJ
5.
Paulo Cappeleti, pastor - Missão Sal, Santo André, SP
6.
Ricardo Bitun, pastor - Igreja Evangélica Manain
7.
Welinton Pereira, pastor metodista, Visão Mundial
8.
Delaide Alves Miranda Arantes / Diaconisa Igreja Batista Renascer Goiânia. -
Ministra Tribunal Superior do Trabalho
9.
Guilherme Burjaca, pastor batista, Missão Kairós
10.
Levi Araujo, pastor - Igreja Batista em Agua Branca
11.
Christian Gillis, pastor - Igreja Batista Redenção, BH
12.
Valter Ravara, pastor
13.
Edmilson Marques Dias, pastor
14.
Marco Davi de Oliveira, pastor - Igreja Batista em Parque Doroteia, SP
15.
Caio Marçal, batista, BH
16.
Clemir Fernandes, pastor batista
17.
Thiago Torres, pastor
18.
Uilian Corcino, pastor
19.
Tales Messias, pastor, Igreja Episcopal, Recife
20.
Rodrigo Lins, pastor, BH
Até
meio dia do dia 24 de março este Manifesto com 4050 assinaturas.
Fonte:
ocafezinho
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