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Lula anuncia que vai denunciar Procuradoria do DF a Janot, ao CNMP e à OAB


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou um embate contra a Procuradoria da República no Distrito Federal. Alegando reiterados abusos e ilegalidades que têm sido cometidos contra ele, o petista irá entrar com representação junto ao Conselho Nacional do Ministério Público e ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.

21 de Fevereiro, 2016


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou um embate contra a Procuradoria da República no Distrito Federal. Alegando reiterados abusos e ilegalidades que têm sido cometidos contra ele, o petista irá entrar com representação junto ao Conselho Nacional do Ministério Público e ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.

Além disso, Lula denunciará ao presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Cláudio Lamachia, o que chama de cerceamento ilegal das prerrogativas dos seus advogados por parte do procurador Douglas Kirchner.

O anúncio das representações veio por meio de nota publicada no site do Instituto Lula. Segundo o texto, desde abril de 2015, a PR-DF promove “a partir de ilações fantasiosas, verdadeira devassa sobre a vida pessoal e atividades profissionais do ex-presidente Lula, invadindo dados fiscais, bancários, comerciais e até viagens e hospedagem no exterior”.

Também reclama que foi estabelecido um rodízio de procuradores no comando do procedimento, o que prolonga sua duração, dificulta o direito de defesa e dilui as responsabilidades pelos abusos e ilegalidades cometidos.

Revista predisposta
Outro ponto ressaltado pelo ex-presidente é em relação ao vazamento de informações. A procuradoria, diz a nota, "impede o pleno acesso da defesa ao teor do procedimento, mas nada faz para impedir que dados sigilosos e partes injuriosas dos autos vazem sistemática e ilegalmente para a revista Época, das Organizações Globo”.

O Instituto também rebateu reportagem publicada da revista Época com o título "Lula fez tráfico de influência em favor da Odebrecht". O único crime evidenciado na reportagem, diz a defesa do ex-presidente, é o vazamento ilegal de um procedimento sigiloso, ao qual os advogados de Lula tiveram acesso negado, também de forma ilegal. O problema foi exposto por um dos advogados do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, em recente entrevista à ConJur.

O texto fala que a revista tem “histórico de manipulação de documentos oficiais” e que sua única conclusão é que a PR-DF “consumiu dez meses de ‘investigações’, custeadas com dinheiro público, para concluir que Lula teria, hipoteticamente, ajudado o BNDES a receber parcelas atrasadas do governo da Venezuela. Tratar tal hipótese como crime seria desmerecer não só o dever de imparcialidade do Ministério Público, mas até a capacidade cognitiva de alguns de seus membros”.

Por fim, parte para o ataque e diz que o “contrato entre a LILS Palestras e a empresa Odebrecht é semelhante, inclusive nos valores, a contrato de palestra de Lula assinado e pago (com recolhimento de impostos) pela Infoglobo, que edita O Globo e demais publicações da família Marinho”.

Junto com o texto do Instituto Lula, foi inserida uma nota técnica do advogado Cristiano Zanin Martins. Leia abaixo :

Em relação à reportagem "Lula fez tráfico de influência em favor da Odebrecht", as Organizações Globo, por meio da revista Época, voltam a atacar a honra e a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, utilizando-se, para tanto, de informações colhidas em procedimento investigatório sigiloso que tramita perante o Ministério Público Federal de Brasil.

O procurador da República que deu origem a este procedimento admitiu, no âmbito de processo disciplinar perante o Conselho Nacional do Ministério Público, que a acusação por ele formulada em desfavor do ex-presidente Lula foi construída a partir da coleta - por ele próprio realizada - de sete documentos na internet, consistente em comentários opinativos e publicações de blogs e jornais.

A condução do procedimento sofre contínuas mudanças praticamente a cada semana, corroborando a ideia de que há um direcionamento e, acima de tudo, um prejulgamento em relação ao ex-presidente Lula formado não a partir de fatos, mas de ideias e posicionamento ideológico. Não por acaso, o procurador da República que instaurou o procedimento mantinha nas redes sociais publicações altamente ofensivas ao Partido dos Trabalhadores e seus membros e elogios a partidos e pessoas que se situam em campo político antagônico, conforme documentação entregue pelos advogados do ex-presidente Lula ao Conselho Nacional de Justiça (CNMP).

Como sempre ocorreu, os advogados do ex-presidente Lula tentam obter cópia desse procedimento desde a primeira quinzena de dezembro de 2015. O pedido foi negado e na primeira quinzena de janeiro de 2016 foi refeito, com base em nova base legal que não deixa dúvida sobre o direito dos advogados de obterem cópia de procedimento investigatório. Mesmo assim, o deferimento de acesso foi parcial, excluindo-se qualquer decisão ou despacho meritório formulado naqueles autos - tais como aqueles que os advogados do ex-presidente Lula tomaram conhecimento pelas páginas da revista.

Não bastasse, apenas no dia 19 de fevereiro, no final do dia, tais cópias parciais foram entregues aos advogados do ex-presidente Lula, em contraposição à conduta adotada em relação à revista Época, que conseguiu ter acesso a todo o procedimento sigiloso.

Não é apenas a falta de acesso imposta aos advogados do ex-presidente Lula que macula todo o procedimento e a relação mantida pelos responsáveis pela sua condução com a revista Época.

Isso porque, durante esse período em que os advogados do ex-presidente Lula ficaram sem acesso, os assessores da Procuradoria da República prestaram informações escritas de que o procurador Douglas Kirchner, ao passar transitoriamente perante o 1º Núcleo de Combate à Corrupção do MPF-DF - onde o procedimento foi deflagrado - teria feito uma redistribuição do feito ao 5º Núcleo de Combate à Corrupção do MPF-DF. E o titular do 5º Núcleo de Combate à Corrupção do MPF-DF é o próprio procurador Douglas.

Essa obscura tramitação não está justificada nas cópias fornecidas aos advogados do ex-presidente Lula, que contém apenas respostas de ofícios e petições.

A gravidade dos fatos é gritante, razão pela qual os advogados do ex-presidente Lula irão, mais uma vez, levar a situação ao conhecimento do Procurador Geral da Republica - que até hoje não deu resposta às ilegalidades antes denunciadas - e ao Conselho Nacional do Ministério Público, que necessita cumprir as suas funções constitucionais e impedir que continue havendo o vazamento de informações sigilosas sonegadas aos advogados.

Também será dado conhecimento formal, ao presidente do Conselho Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, em audiência marcada para esta semana, do cerceamento ilegal do Direito de Defesa por parte do procurador Douglas Kirchner.

Revista Consultor Jurídico, 21 de fevereiro de 2016, 17h27
CONJUR

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