BEPE DAMASCO
Jornalista, editor do Blog do Bepe
Estão
postos sobre a mesa vários elementos que indicam que o Estado democrático de
direito brasileiro definha a olhos vistos. A depender dos vínculos
político-partidários do cidadão, ele pode ou não desfrutar do sistema de
garantias individuais, pilar básico dos regimes democráticos.
Sob
esse ponto de vista, vivemos hoje no Brasil uma ditadura. Exagero ? Então anote
: é ou não é marca registrada de qualquer regime ditatorial perseguir
adversários políticos e proteger aliados ? Também remover mandatários eleitos
pela voto e legitimados pela soberania popular jamais causou quaisquer
constrangimentos a ditadores de todos os matizes ao longo da história de tantos
países.
Quando
o grande partido de oposição numa suposta democracia é uma rede de rádio e
tevê, concessão pública que se apropria do espaço eletromagnético do povo brasileiro para cuidar de seus
interesses comerciais e políticos, e quando um simples procuradores do Ministério
Público, delegados da Polícia Federal ou juízes de primeira instância podem,
movidos por suas colorações partidárias, colocar na cadeia quem quiser, que
nome tem esse sistema ?
Repetindo
episódios funestos do nosso passado, mas com métodos modernos de ruptura
democrática que dispensam baionetas e canhões, o movimento rumo às trevas atual
também conta com apoio considerável na população, notadamente entre analfabetos
políticos, direitistas, fascistas e pessoas que não tem senso crítico
suficiente para não se contaminar pelo massacre midiático diário. Certamente,
teremos no próximo domingo uma espécie de reedição da Marcha com Deus e pela
Família de 1964.
O
diagnóstico segundo o qual já vivemos uma ditadura é importante para calibrar a
reação dos democratas. Nesse quadro de extrema gravidade não há espaço para
arranjos de cúpula ou negociações meia-sola entre iluminados. O momento é de
resistência democrática. Os que enfrentaram e derrotaram ditadura sabem que sem
mobilização popular e presença constante nas ruas é impossível atravessar a
tempestade.
A
história nos ensina que é preciso envolver nessa reação intelectuais, artistas,
empresários progressistas, além de políticos e juristas legalistas. Tudo
articulado com atuações vigorosas no parlamento e nas instituições ainda não
capturadas pelo golpismo. Mas sem povo
não há saída possível. As manifestações de rua organizadas pela Frente
Brasil Popular até aqui, ou seja, o sentimento das ruas, revelam que um duro e
prolongado embate se avizinha.
O
contato com o povo mostra que o estrago causado pela campanha de ódio da mídia
é grande. Daí o expressivo apoio ao golpe e à prisão de Lula. Na outra ponta,
também são dignas de nota as manifestações de solidariedade a Lula , contrárias
ao golpe e críticas ao jornalismo de esgoto da Globo. Entre esses dois pólos se
concentra um enorme contingente de pessoas perplexas com a crise, mas ainda sem
posição fechada. São esses corações e mentes que devem ser conquistados para
que a a ditadura seja derrotada.
Fonte:
brasil247
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