ROBERTO
MONTEIRO PINHO
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Altos salários, privilégios e a exigência de serem chamados de “excelência”, ou
hostis serventuários, ameaçarem advogados e demandantes nas salas dos tribunais
apontando para placas de que: “ofensa ao servidor, é crime”, (como se não fosse
lei também para qualquer cidadão) é o imperativo para essa insanidade
protagonizada por um estado republicano, débil, amarrado aos idos do Brasil
Colônia.
Nunca
em tempo algum a magistratura brasileira experimentou de forma tão intensa, ser
questionada em sua honestidade e eficiência. Enquanto as decisões da mais alta
Corte do país, - o STF polemiza juristas e analistas políticos, com suas
controvérsias, a morosidade é o fator mais agudo a rejeição e baixa
conceituação a magistratura. Muitos questionam, e com razão, da qual me
associo, de que a exposição na mídia, pela TV a cabo das sessões dos tribunais,
faz com que ministros, profiram votos desnecessariamente longos, num claro e
insofismável comportamento que satisfaz apenas o ego do relator. Recente o
governo (que não tem verba), vetou o aumento pretendido pelos servidores
públicos. Entre os grupos, o do judiciário é o que apresentou a maior gula,
pretendem entre 53% e 78% de aumento, um absurdo, levando em conta os altos
salários (conta todas as rubricas do contra cheque), que recebem todo mês.
A
bem da verdade, este repórter-colunista indica que o recorde de gastos está
detalhado na pesquisa “Abrindo a caixa-preta: três décadas de reformas do
sistema judicial do Brasil”, uma parceria entre Luciano da Ros, professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, (a única instituição no país que
trata seriamente do assunto) e Matthew Taylor, da Universidade Americana, de
Washington. O trabalho completo só ficará pronto agora em 2016. Uma pré-análise
conclui que: “O custo da Justiça no Brasil: uma análise exploratória” há uma
comparação das despesas entre países. O gasto é de 0,32% do PIB na Alemanha, de
0,28% em Portugal, de 0,19% na Itália, de 0,14% na Inglaterra e de 0,12% na
Espanha. Nos Estados Unidos, 0,14%. Na América do Sul, a Venezuela consome
0,34%, o Chile, 0,22%, a Colômbia, 0,21%, e a Argentina, 0,13%%. No Brasil é
assustador: 2,4% do PIB.
A
folha de pessoal é a principal causa do altíssimo custo. No Judiciário, há
gente e mordomias demais. O pagamento de 434.932 funcionários, entre juízes e
servidores, consumiu 89,5% das despesas totais em 2014. O salário médio alcança
10,8 mil mensais.
O
discurso dos atores do judiciário diverge totalmente da opinião pública. Como
se não bastasse à estabilidade, (instituto em que 204 países do globo, não
adotam). Enquanto esses reivindicam melhores salários (como se ganhassem
pouco), diminuição da carga horária e benefícios extra folha, do lado de fora
milhões de trabalhadores mínguam o salário mínimo, não gozam de privilégios e
sequer de benefícios na folha salarial, e evidente, também não são estáveis, salvo
se pertencerem a CIPA for dirigentes sindicalistas ou portarem doença contraída
na atividade laboral. O fato é que o pagamento acima do teto resulta dos
chamados “penduricalhos”. Auxílios, indenizações, gratificações e uma penca de
adicionais não definidas como “salário” e adotados do Oiapoque ao Chuí. No Rio
Grande do Sul, paga-se um “auxílio-táxi” de 123,80 reais. Goiás instituiu em
2013 um “auxílio-livro” de 3,2 mil anuais. No Rio de Janeiro, há desde setembro
um “auxílio-educação” de 953 reais por filho de juiz. Em 2011, o Conselho
Nacional de Justiça, cuja missão é vigiar o Judiciário, criou um “auxílio-
alimentação” e uma licença remunerada para cursos no exterior, entre outros.
Para
a população brasileira a justiça e branca e rica. Só os que reúnem melhor
condição financeira é que tem acesso ao Poder Judiciário, ou seja: conseguem e
defender, levando o processo até a última instância até que este seja extinto
pelo tempo que levou tramitando nos tribunais. Foi o que aconteceu com os réus
do mensalão. Altos salários, privilégios e a exigência de serem chamados de
“excelência”, ou hostis serventuários, ameaçarem advogados e demandantes nas
salas dos tribunais apontando placas de que: “ofensa ao servidor, é crime”,
(como se não fosse lei também para qualquer cidadão) é o imperativo para essa
insanidade protagonizada por um estado republicano, débil, amarrado aos idos do
Brasil Colônia. Em outubro de 2014, o presidente do Tribunal de Justiça de São
Paulo, José Roberto Nalini, disse em entrevista à TV Cultura que só
“aparentemente” o magistrado brasileiro ganha bem. “Ele tem de comprar terno,
mas não dá para ir toda hora a Miami comprar terno, a cada dia da semana ele
tem de usar um terno diferente, uma camisa razoável, um sapato decente, ele tem
de ter um carro.” Esses que falam dessa forma arrogantes são os responsáveis
diretos pelo vergonhoso percentual de processos sem decisão que chegou a 71% no
mês agosto de 2015.
Fonte:
tribunadaimprensaonline
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