Uma
infração cometida na Rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi, em Curitiba, no dia 7 de
maio de 2009, pode alterar a história da tragédia de trânsito mais conhecida do
Paraná. Comovido pela suspensão do julgamento do ex-deputado estadual Luiz
Fernando Ribas Carli Filho, um motorista que recebeu o auto infração resolveu
se manifestar pela primeira vez. Gilmar Yared, pai de uma das vítimas do
acidente causado por Carli Filho, publicou nesta terça-feira (19) na internet a
informação de que o radar instalado a poucos metros antes do local do acidente
que matou Gilmar Yared e Carlos Murilo de Andrade naquela data estava
funcionando.
Na
época do acidente, a empresa Consilux, concessionária dos radares em Curitiba,
informou que um problema impediu o registro de imagens daquele dia nos
equipamentos instalados na avenida. Yared desconfia que as imagens tenham sido
removidas. “Existe um terceiro carro. Isso é fato. Eu já tenho um nome na minha
cabeça, mas não tenho provas. Nós pedimos à Consilux porque eles não têm as
imagens do carro do ex-deputado passando. As imagens nunca apareceram porque
eles alegaram que tiveram um problema naqueles radares. Mas o dia todo?”,
questionou em entrevista ao Paraná Portal.
No
Facebook, Gilmar enfatizou o espaço curto de tempo entre a infração revelada
agora e o acidente que matou o filho dele. “Recebi nesta segunda-feira a
infração cometida por um motorista aos 50 minutos do dia 7 de maio de 2009
registrada há 4 minutos da tragédia a poucos metros de onde morreram meu filho
e seu amigo aos 54 minutos. Na época a Consilux não apresentou as imagens
alegando que os radares apresentavam problemas. O motorista revelou ainda que
não nos procurou logo após porque temia pela sua segurança”, escreveu.
O
documento foi encaminhado ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco) do Ministério Público que deve investigar o sumiço das
imagens de radar da Consilux. “Eles disseram que não era para publicar por
enquanto, mas acho que as pessoas têm direito de saber. O poder ainda tem uma
influência muito grande sobre a Justiça”, compreende.
O
motorista que entregou a infração à família teria escondido o documento por
sete anos, por medo. “Ele (o motorista) ficou indignado com o adiamento do
julgamento e resolveu revelar isso depois de tanto tempo. Ele, assim como
qualquer um ficaria, estava com receio pela própria segurança”, conta Yared.
Na
época, nenhum dos sete radares do possível trajeto do restaurante no Bairro
Bigorrilho onde Carli Filho estava, até o local do acidente registrou a
passagem do ex-deputado. Essa informação foi confirmada por um engenheiro
especializado em acidentologia, Walter Kauffmann, contratado pela família de
Gilmar Rafael Yared. A análise foi baseada no relatório de todos os radares
enviados pela Consilux. O especialista afirmou à imprensa, na época, que
estranhou que em nenhuma listagem, entre todos os radares de Curitiba, o carro
de Carli Filho teria sido registrado por radar – sistema coleta todas as
informações, inclusive os casos de não excesso de velocidade. “Era como se ele
não estivesse saído de casa neste dia, não teria ido trabalhar e não teria ido
nem ao restaurante”, concluiu.
O
inquérito policial mostrou que ele dirigia entre 161 e 173 km/h no momento do
acidente. O caso completou sete anos e a Justiça ainda não tem prazo para
julgar o processo. Carli Filho apresentava sinais de embriaguez e estava com a
carteira de habilitação suspensa por excesso de multas de trânsito.
A
empresa Consilux foi procurada pela reportagem, mas ainda não enviou resposta.
Fonte:
paranaportal
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