A denúncia por maus tratos contra uma professora de uma tradicional escola infantil em Santo André (SP), envolvendo uma menina de seis anos com Síndrome de Down, acaba de ganhar um novo capítulo. O Ministério Público do Estado decidiu, após uma audiência de conciliação infrutífera, remeter os autos à delegacia de polícia para que outras mães sejam ouvidas sobre as suspeitas de negligência e agressões físicas por parte da instituição e seus profissionais.
O caso foi reportado pelo GGN em setembro de 2015 graças à advogada Floriza Fernandes, mãe da pequena Lívia, alvo da agressão. Floriza moveu uma ação que corre em segredo de Justiça após uma outra profissional da instituição de ensino andreense revelar que sua filha havia sido “chacoalhada pelo bracinho, colocada para fora da sala de aula” e recebido gritos da professora, classificada por outras mães como "severa" e "rigorosa". A denunciante foi demitida e a escola, procurada pela reportagem ainda no ano passado, não quis se manifestar sobre o assunto.
Este mês, o promotor de Justiça Roberto Weder Filho tentou promover um acordo entre as partes, mas a professora acusada de agressão contra Lívia recusou as ofertas de pedido de desculpas e doação de brinquedos a entidades que cuidam de jovens carentes. O promotor, então, decidiu pelo retorno dos autos à delegacia de polícia, e indicou três mulheres que trocaram mensagens ou cartas com Floriza, para serem chamadas a depor.
Em uma das mensagens, a advogada H.A.C.M., mãe de uma menina na faixa dos seis anos, demonstra preocupação ao descobrir o caso de Lívia, e afirma que sua filha também estuda com a mesma professora acusada de agressão. Esta última é classificada na conversa como “histérica”.
Em outra carta, P.R.S. relata a suspeita de agressão física sofrida em 2012 pela filha portadora de paralisia facial com déficit cognitivo leve, e vários outros episódios de negligência e falta de atenção com o currículo da menina por parte do corpo docente. A aluna foi matriculada em outro local em 2015, após uma série de tratativas sem sucesso com a direção da escola em Santo André.
Na terceira carta anexada aos autos, A.P.G.C, mãe de um garoto de cinco anos, também conta os motivos que a levaram a retirar seu filho da escola. O menino chegou a permanecer na classe da professora acusada de maltratar Lívia. Ela teria constrangido o garoto - “diagnosticado” pela própria instituição de ensino como psicologicamente “problemático” - levando-o para uma classe com crianças de dois anos, para que ele “entendesse” que não se comporta “adequadamente”. A mesma professora teria dito à mãe que fez essa “intervenção” sem se preocupar com o que os pais achariam.
Ao GGN, Floriza comemorou a vitória inicial no Ministério Público, que dará sequência à investigação, abrangendo outras crianças que podem ter sido vítimas de maus tratos.
“Como se vê nas cartas, no colégio tem muitos problemas. Na verdade, durante a audiência [de conciliação] do dia 11 [de janeiro], o promotor disse que ia denunciar a professora, porém mudou de idéia e pediu novas diligências. Foi foi ótimo para o caso da Livia, já que há provas contundentes de que a professora é reincidentes. Ela já maltratou a Lívia em março e, mesmo após a ciência do inquérito, maltratou outra criança em junho”, comentou Floriza.
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