"Isso aí, é o Rivaldo Barbosa, é ele que levou quatrocentos cruzeiros, chefe", diz Beto Bomba, chefe da milícia de Rio das Pedras, em telefone com o vereador Marcello Sicilliano
Marielle Franco e Rivaldo Barbosa (Montagem)
FORUM - Inquérito da Polícia Federal revela que o delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio de Janeiro, teria recebido R$ 400 mil de milicianos para proteger os reais culpados do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol-RJ) e do motorista Anderson Gomes.
Segundo reportagem de Flávio Costa e Vinícius Konchinski, no portal Uol neste domingo (10), Barbosa foi citado pelo miliciano Jorge Alberto Moreth – o Beto Bomba – que, em conversa telefônica com o vereador Marcello Sicilliano (PHS), afirmouque Barbosa recebeu dois pagamentos no valor de R$ 200 mil como propina de milicianos. Segundo ele, o dinheiro teria sido entregue pelo inspetor “Marcos” da Delegacia de Homicídios (DH).
“Mas a DH tá junto na sacanagem, né irmão?”, pergunta Siciliano.
“Tá junto porque levaram duzentos cruzeiros na primeira e depois levaram mais duzentos porque viu que ia babar. Então o malandragem lá, o delegado, botou tudo em você junto com aquele rapaz lá que tá preso [referência ao miliciano Orlando Curicica, falsamente acusado de ser o mandante]”, respondeu Beto, no diálogo gravado em fevereiro deste ano.
Beto Bomba é um dos chefes da milícia de Rio das Pedras, na zona Oeste do Rio, onde o ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), Fabrício Queiroz, se escondeu durante as investigações do caso Coaf.
No mesmo diálogo, o miliciano confirma que o mandante do assassinato foi o político Domingos Brazão, que teria pago R$ 500 mil pelas mortes de Marielle e Anderson.
Na conversa, Siciliano pergunta ainda se foi Barbosa ou o delegado Giniton Lages, primeiro responsável pela investigação, que prendeu os ex-PMs Ronnie Lessa e Elcio Queiroz pela execução do crime.
“Mas quem estava na sacanagem era o Rivaldo, né? Ou era o Giniton?”, indaga o vereador.
“Isso aí, é o Rivaldo Barbosa, é ele que levou quatrocentos cruzeiros, chefe. Foi quatrocentos cruzeiro, pô, tô te falando! Na hora que eles viram que ia babar, que o bagulho deu muita repercussão, o troço falhou, o troço ficou caro para caralho! Porque, chefe, quem rodar neste bagulho de Marielle vai para Catanduvas [presídio federal no Paraná] e vai ser esquecido, meu irmão! Porra, tô te falando, papo reto. Entendeu?”, disse.
Vinte e um dias após a PF enviar o relatório ao MP-RJ, Beto Bomba se entregou, no dia 23 de maio. Ele estava foragido por causa de um mandado de prisão no âmbito da Operação Intocáveis, que investiga milicianos de Rio das Pedras.
Procurado pelo UOL, Rivaldo Barbosa negou que tenha recebido a propina. “Não há nada disso”, afirmou Barbosa, ao telefone. “Trabalhei muito na DH [Delegacia de Homicídios] e nunca recebi nada de ninguém”.
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