O bolsonarismo está numa ofensiva feroz contra o STF, que põe em risco o frágil equilíbrio institucional do Brasil e pode ter um grave ponto de ruptura a partir deste domingo; grupos de extrema-direita convocaram mobilizações em todo o país contra o STF, pedindo "o impeachment" de toda a Corte, possibilidade inexistente na Constituição e com uma linguagem e estética agressivas que em tudo lembram o estilo do fascismo; o movimento ganhou impulso depois que Bolsonaro postou no twitter neste sábado vídeo de seu filho Eduardo Bolsonaro com ataques ao STF
O bolsonarismo está numa ofensiva feroz contra o Supremo Tribunal Federal (STF), que põe em risco o frágil equilíbrio institucional do Brasil e pode ter um grave ponto de ruptura a partir deste domingo (17). Grupos de extrema-direita convocaram mobilizações em todo o país contra o STF, pedindo "o impeachment" de toda a Corte, uma possibilidade inexistente nos marcos da Constituição e com uma linguagem e estética agressivas que em tudo lembram o estilo do fascismo. O movimento ganhou impulso depois que Bolsonaro (presidente da República) postou em seu tweet, às 9h38 deste sábado, um vídeo de um de seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, com ataques ao STF.
O estopim da mobilização da extrema-direita foi a decisão do STF de determinar que os processos relativos a uso de caixa 2 nas campanhas eleitorais sejam julgados pela Justiça Eleitoral e não mais pela Justiça Comum. Na decisão, na última quinta-feira (14), o STF definiu a competência da Justiça Eleitoral para julgar crimes comuns - como corrupção e lavagem de dinheiro - conexos com delitos eleitorais; no dia seguinte, nesta sexta, em outra contundente derrota da Lava Jato, o STF suspendeu todos os efeitos do acordo entre a força-tarefa, a Petrobrás e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que previa a criação de uma fundação com R$ 2,5 bilhões. O ministro Alexandre de Moraes disse que os procuradores, liderados por Deltan Dallagnol, "exorbitaram das atribuições que a Constituição Federal delimitou" (aqui).
Há um frenesi que sacode a extrema-direita em todas as redes sociais, com ameças diretas ao STF e à democracia do país. Nas redes, agrupamentos de perfil de extrema-direita e alguns de traços claramente neofascistas estão convocando manifestações em todo o país no domingo. A eles estão unidos boa parte da base parlamentar de Bolsonaro, em especial os deputados e senadores do PSL. Alguns dos grupo que convocam as manifestações são: MBL, Vem Pra Rua, Revoltados On Line, Patriotas Lobos Brasil. #NasRuas e Avança Brasil.
A reação do STF e das demais instituições ao avanço neofacista é tímido. Parte do Judiciário, sob a liderança de Moro e da Lava Jato aderiu ao projeto da extrema-direita e a cúpula do Poder conciliou com o bolsonarismo, de concessão em concessão, na esperança de manter a situação nos limites institucionais -o que agora está sob risco imediato. O Executivo está sob controle da extrema-direita civil e militar e eles comando alguns dos postos chaves no Legislativo.
O presidente do Supremo, Dias Toffoli, que aliou-se a Bolsonaro ao longo de todo ano de 2018, permitindo todo tipo de ataques a Lula, ao PT, à esquerda e às instituições, esboça agora uma reação, mas unicamente porque o STF entrou na alça de mira da extrema-direita -evitando, porém, qualquer sopro de confronto com o bolsonarismo (leia aqui).
O clima é catártico nos posts nas redes sociais. O MBL postou uma mensagem convocando as pessoas a "acabarem com a palhaçada do STF". Mais: parodiando Eduardo Bolsonaro, que em outubro de 2018 divulgou um vídeo afirmando que "Bastam um soldado e um cabo para fechar STF", o MBL pontou, "esqueçam o cabo e o soldado". Pede-se o fechamento do STF, a prisão dos ministros e o fechamento do regime.
Se a extrema-direita arrastar grandes contingentes às ruas, o país amanhecerá na segunda-feira com gravíssimas ameaças à democracia; se as manifestações forem um fiasco, a crise do novo regime deverá se aprofundar. Será um domingo importante para o futuro imediato do Brasil.
Fonte: brasil247
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