Um dos fantasmas mais utilizados pela direita indigente que surgiu com força em 2013 para nunca mais desaparecer era o da Venezuela.
Dilma iria nos transformar num pesadelo chavista, com pessoas devorando ratos nas ruas, violência, desabastecimento, lixo por todos os cantos, grupos de música peruana em toda as esquinas.
Essa balela paranóica era repetida por uma massa amorfa que englobava sua tia, Aécio Neves, bolsonaros, a imprensa, revoltados online, kataguiris e Gilmar Mendes.
Dois anos depois do golpe, viramos a Venezuela.
A “greve” dos caminhoneiros instalou o caos que atribuíam ao “lulodilmismo”.
Uma gestão temerária da Petrobras nos legou falta de gasolina, um país parado e, por conseqüência, falta de energia e de comida nos supermercados.
Não dá nem para fugir de avião.
Com a contribuição inestimável da mídia e de paneleiros em torno de patos amarelos, estamos apodrecendo em filas tentando abastecer nossos amados veículos (bicicleta é coisa de pederasta fã da Coreia do Norte) com o combustível mais caro do mundo.
Vídeos de malucos estão viralizando.
Num deles, um sujeito à frente de seu caminhão, sob aparente efeito de estupefacientes, zurra que a solução é intervenção militar e chama o governo atual de “comunista”.
A privatização da Petrobras e a mão invisível do mercado, soluções para os problemas do planeta, deu nisso. Os defensores da autonomia radical na política de preços estão sem discurso.
A “incompetente” Dilma administrou um locaute como o que acontece agora em novembro de 2015, já no bico do corvo. Temer, Parente e companhia não têm a menor ideia do que fazer.
Se já vivíamos numa Venezuela espiritual, com um povo dividido, inconciliável e odiento, agora chegamos à Venezuela de fato.
A única certeza é a de que tudo o que é ruim sempre pode piorar.
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